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Biden quer mais concorrência na indústria da carne americana

"Repito o que disse antes. O capitalismo sem concorrência é exploração. É isto o que vemos na carne e nas aves de criação", disse o presidente americano, Joe Biden, ao lançar uma mesa redonda virtual sobre o tema

O governo Biden vai desembolsar um bilhão de dólares para apoiar o desenvolvimento de infraestruturas de processamento e envase de carne "independentes", sobretudo para o abate (Kevin Lamarque/Reuters)

O governo Biden vai desembolsar um bilhão de dólares para apoiar o desenvolvimento de infraestruturas de processamento e envase de carne "independentes", sobretudo para o abate (Kevin Lamarque/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de janeiro de 2022 às 19h27.

O governo americano revelou nesta segunda-feira (3) um plano para aumentar a concorrência na indústria da carne, dominada por um punhado de grandes empresas (duas delas com capital brasileiro) que, segundo a Casa Branca, se aproveitam para aumentar os preços aos consumidores e reduzir a receita dos criadores.

"Repito o que disse antes. O capitalismo sem concorrência é exploração. É isto o que vemos na carne e nas aves de criação", disse o presidente americano, Joe Biden, ao lançar uma mesa redonda virtual sobre o tema.

"Os pequenos camponeses e criadores independentes se veem obrigados a cessar suas atividades, alguns deles depois de gerações e gerações", frente a gigantes, acrescentou.

Biden atacou, ainda, os "lucros maciços" destas grandes empresas.

Em um comunicado, a Casa Branca considerou o setor um "caso típico" dos estragos da excessiva concentração e lembra que, em matéria de envase e processamento de carne bovina, as quatro maiores empresas dos Estados Unidos controlam 85% do mercado.

Tratam-se de Cargill (Estados Unidos), Tyson (Estados Unidos), JBS (Brasil) e National Beef (filial da brasileira Marfrig).

O governo Biden vai desembolsar um bilhão de dólares para apoiar o desenvolvimento de infraestruturas de processamento e envase de carne "independentes", sobretudo para o abate.

O governo também quer "fortalecer as regras que protegem os agricultores, pecuaristas e consumidores", que considera que foram flexibilizadas durante a presidência de seu antecessor, o republicano Donald Trump.

Por exemplo, a Casa Branca promete revisar as normas para a atribuição da etiqueta "Produto dos Estados Unidos" (Product of USA), que atualmente pode ser usada em carnes que não foi processada exclusivamente em território americano, mas procede de animais criados no exterior.

A Câmara de Comércio dos Estados Unidos criticou o anúncio da Casa Branca.

"Assim como muitos outros produtos, os motivos para o aumento dos preços da carne são maior demanda, problemas na cadeia de abastecimento devido à covid-19 e maiores custos de produção", escreve Neil Bradley, vice-presidente da organização, em um comunicado.

"Está bastante claro que a administração tenta usar a alta dos preços para justificar seu programa, ou seja, reverter décadas de consenso político em torno da concorrência para abrir a via a uma regulação orientada pelo princípio de que o governo saberia mais do que ninguém", lamenta.

Diante de uma inflação elevada, que mina a popularidade de Biden junto à opinião pública, o governo decidiu reforçar a concorrência entre empresas de vários setores. Antes da indústria da carne, já mirou os hidrocarbonetos, criticando as grandes empresas por não baratearem os combustíveis apesar da redução dos preços do petróleo.

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