Biden: O democrata, de 80 anos, pretende voltar a se candidatar à Casa Branca (Jacquelyn Martin/Getty Images)
AFP
Publicado em 8 de fevereiro de 2023 às 20h18.
Depois de um discurso em que reforçou as expectativas de que tentará um segundo mandato, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, partiu, nesta quarta-feira, 8, ao encontro desse "país "esquecido" do qual quer agora se tornar o defensor.
Após seu discurso do Estado da União no Congresso, Biden visita Wisconsin, estado agrícola do norte muito disputado com os republicanos nas últimas eleições presidenciais.
O democrata, de 80 anos, que pretende voltar a se candidatar à Casa Branca, mas, ao contrário de seu antecessor, Donald Trump, não lançou sua campanha oficialmente, visitará um centro de formação para trabalhadores da construção, uma oportunidade de insistir em que é o que entende melhor o mundo do trabalho e as famílias de baixa renda.
O presidente seguirá amanhã para a Flórida, estado do sul majoritariamente republicano e popular entre os aposentados. Ali, ele mostrará que está pronto para lutar contra a extrema direita, da qual o governador local, Ron DeSantis, é um astro em ascensão.
O presidente americano se apresentou ontem ao Congresso como defensor de uma classe média pressionada por décadas de globalização, à qual deve-se "dar orgulho" e prosperidade. Este é basicamente o mesmo alvo eleitoral de Trump, mas, enquanto o republicano escolhe a retórica da "decadência", o democrata aposta no otimismo.
"Visto do ponto de vista de um lançamento de campanha informal, esse discurso foi bem-sucedido", comentou no Twitter David Karol, professor de ciência política da Universidade de Maryland. “Não deu argumentos para os que acreditam que não está preparado para uma nova corrida presidencial”, avaliou, após a apresentação de Biden.
O democrata voltou, assim, a mobilizar suas fileiras. "Joe Biden faz o que mais sabe" quando fala para a classe média, declarou a senadora democrata Elizabeth Warren, que elogiou as promessas de taxar os milionários e investimentos "em lugares e pessoas esquecidos".
Segundo uma pesquisa feita na noite de ontem pela rede de TV CNN, Biden recebeu uma reação positiva de 72% dos entrevistados. A pontuação foi quase idêntica após o seu discurso do ano passado, o que, no entanto, não aumentou seu índice de confiança.
A maioria dos americanos diz hoje que se opõe tanto a um segundo mandato de Biden quanto a uma nova presidência de Trump.
Em uma tentativa de mudar essa dinâmica, Biden seguiu ontem os passos de Franklin D. Roosevelt. Em 1932, quando os Estados Unidos atravessavam a pior recessão de sua história, o arquiteto do "New Deal" prometeu restaurar "a fé no homem esquecido que está na base da pirâmide econômica".
Biden aposta em que, ao falar sobre temas realistas, como finais do mês difíceis, multas bancárias ou buracos nas estradas, poderá levantar o ânimo dos americanos. Diante dos congressistas, Biden não entrou em detalhes sobre os temas sociais de que a direita radical mais gosta, como aborto ou questões de gênero.
No "contra-discurso" de ontem em nome dos republicanos, a governadora do Arkansas, Sarah Huckabee Sanders, ex-porta-voz da Presidência de Trump, fez a aposta oposta e denunciou a "guerra cultural de esquerda" orquestrada, segundo ela, pela Casa Branca. A expressão é usada pela direita para atacar, em especial, conteúdo escolar sobre sexualidade e racismo.