Mundo

Biden e Xi Jinping têm rara ligação, com Taiwan e Ucrânia na pauta

O principal item na agenda é a relação dos Estados Unidos com Taiwan, após rumores de uma visita de Nancy Pelosi à ilha ampliarem as tensões

Biden e Xi em conferência no ano passado: ligação desta semana é a quinta entre os dois líderes desde que Biden assumiu (Alex Wong / Equipe/Getty Images)

Biden e Xi em conferência no ano passado: ligação desta semana é a quinta entre os dois líderes desde que Biden assumiu (Alex Wong / Equipe/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 28 de julho de 2022 às 06h00.

O presidente chinês, Xi Jinping, está programado para contatar o presidente americano, Joe Biden, em uma ligação nesta quinta-feira, 28.

A ligação será a quinta conversa telefônica bilateral entre os dois líderes desde que Biden tomou posse, em janeiro de 2020.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia.

O principal item na agenda deve ser a relação dos Estados Unidos com Taiwan.

A situação ficou mais tensa após circularem informações de que a presidente da Câmara dos Deputados americana, Nancy Pelosi, fará uma visita oficial em breve à ilha. Pelosi é do Partido Democrata, o mesmo de Biden, mas a Casa Branca afirma que a decisão da viagem é exclusivamente da parlamentar e não uma ordem do governo.

VEJA TAMBÉM: Os destaques do PIB 'estagnado' da China e o que dizem sobre o Brasil

Se confirmada a ida a Taiwan, Pelosi será a oficial estadunidense de escalão mais alto a visitar a ilha desde 1992. O governo chinês tem dito que a visita poderá ter "consequências".

A história entre Taiwan e a China

A situação é delicada e nenhum dos lados quer recuar: a visita de Pelosi é altamente apoiada pelo governo local em Taiwan e, se Biden voltar atrás, o governo dos EUA pode ser visto como influenciado por ameaças chinesas. Já Xi Jinping tenta mostrar que não tolerará influência americana em territórios estratégicos para o país.

Taiwan é uma ilha com cerca de 24 milhões de habitantes, a 180 quilômetros da China continental.

VEJA TAMBÉM: China condena passagem de navio de guerra dos EUA a Taiwan; entenda

A ilha se considera independente desde 1949, ano da Revolução Comunista que levou Mao Tse-Tung ao poder na China. O então líder opositor, Chiang Kai-Shek, fugiu com outros políticos chineses e se refugiou na ilha de Taiwan. O caso virou uma disputa entre as partes desde então.

Os EUA não reconhecem a independência de Taiwan oficialmente, mas prestam assistência técnica à ilha para defender sua soberania, segundo o histórico de diplomacia da Casa Branca. Na prática, a autonomia da ilha é um dos assuntos prioritários em Washington, e a questão se tornou mais relevante à medida em que cresceram as disputas com a China.

A China, por sua vez, não considera Taiwan um território separado da China continental. Os temores de que a China e Taiwan possam entrar em um choque militar são crescentes.

Ucrânia e protecionismo também na agenda

Além da questão prioritária de Taiwan nesta semana, a guerra na Ucrânia também está na pauta. Embora a China não esteja envolvida diretamente no conflito, a aproximação do governo de Pequim com a Rússia de Vladimir Putin é um tema sensível para o governo Biden.

A proximidade com a China tem sido crucial para que a Rússia sobreviva parcialmente às sanções do Ocidente. Com as sanções ocidentais, a China superou a Alemanha e se tornou a maior importadora de energia dos russos neste ano.

VEJA TAMBÉM: Entrevista: parceria com a China é capaz de fazer Rússia sobreviver às sanções?

A informação de que a ligação entre Xi e Biden ocorreria hoje foi antecipada pela agência Reuters, mas rumores sobre uma conversa direta entre os dois líderes já vinham circulando desde o fim de semana.

O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse à imprensa americana nesta semana que a competição entre os dois países também está na agenda a ser discutida - sobretudo em temas sensíveis como semicondutores e medidas protecionistas.

VEJA TAMBÉM: 100 anos do PC chinês: como os comunistas reinventaram o capitalismo

A ligação entre Biden e Xi Jinping acontece ainda enquanto o Congresso americano discute um pacote de US$ 52 bilhões em subsídios à produção de semicondutores (amplamente usados em chips e na indústria). A China lidera nessa frente e o assunto é considerado estratégico pelo governo Biden.

"Tudo [será conversado na ligação], desde as tensões sobre Taiwan, até a guerra na Ucrânia, e a forma de gerenciamos melhor a competição entre nossas duas nações, certamente na esfera econômica", disse Kirby sobre os tópicos a serem discutidos.

Tudo parte de uma disputa constante - e crescente - entre Estados Unidos e China no cenário global. A novela está longe do fim, com ou sem a visita de Pelosi.

Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)Governo BidenTaiwanXi Jinping

Mais de Mundo

Morre Marian Turski, presidente do Comitê Internacional de Auschwitz

Milei se encontrará com Musk em viagem aos EUA

Indústria da Alemanha espera que eleição seja 'ponto de virada' para destravar investimentos