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Biden diz que próximo debate não deve ocorrer se Trump ainda tiver covid

Concorrente de Biden nas eleições americanas, Donald Trump foi diagnosticado com covid-19 na última semana

 (Brian Snyder/Reuters)

(Brian Snyder/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de outubro de 2020 às 07h10.

Última atualização em 7 de outubro de 2020 às 07h26.

No primeiro dia de trabalho na Casa Branca, após três noites no hospital militar Walter Reed, Donald Trump disse ontem que pretende ir ao debate com Joe Biden, dia 15, e tentou tirar sua saúde do centro das atenções. Em isolamento e impedido de fazer comícios em razão da covid, ele fez campanha pelo Twitter.

Já Biden continuou com a campanha. Depois de ter ido à Flórida, na segunda-feira, o candidato democrata viajou ontem para a Pensilvânia e segue amanhã para o Arizona. Ele disse que pretende ir ao debate, mas fez uma ressalva. “Se ele (Trump) ainda estiver com covid, não deveríamos ter o debate”, disse.

Um dos assuntos mais comentados nas redes sociais era o vídeo em que Trump parecia respirar com dificuldade ao tirar a máscara em frente à Casa Branca. Ontem, porém, das 18 mensagens no Twitter, o presidente falou do vírus apenas em 3. Em uma, ele disse estar se sentindo “ótimo”. Em outra, acusou a “imprensa fake news” de só querer falar de covid. A última mensagem foi derrubada pelo Facebook por divulgar informação falsa ao comparar o coronavírus à gripe.

A maior parte do foco de Trump se voltou a ataques contra Biden. Ele disse estar “ansioso” para participar do segundo debate, mas não é possível saber se o presidente estará curado ou se ainda será um agente de transmissão. Hoje, o debate será entre os candidatos a vice. Por exigência da democrata Kamala Harris foram instaladas placas de acrílico entre ela e o republicano Mike Pence no encontro em Salt Lake City.

Em uma decisão surpreendente, Trump rompeu ontem as negociações com o Congresso sobre um novo pacote de estímulo econômico a ser oferecido durante a pandemia. Segundo ele, a articulação está suspensa até a eleição. Trump acusou a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, de ser a culpada pelo fracasso.

A decisão provocou surpresa entre analistas políticos. A economia é o ponto forte de Trump e a maioria dos americanos defende um novo pacote de socorro de US$ 2 trilhões. “Claramente a Casa Branca está em desarranjo”, disse Pelosi, que sugeriu que os esteroides que Trump tomou para combater a covid estão afetando seu pensamento.

 

A estratégia de tirar das manchetes o seu estado de saúde, no entanto, pode beneficiar o presidente. “Trump oscilou negativamente nas pesquisas desde sexta-feira, a doença criou insegurança. A campanha pretende mudar a agenda. E a expectativa do partido é que, daqui a quatro ou cinco dias, ninguém fale mais da infecção”, afirma o professor da Universidade George Washington, Maurício Moura.

A divulgação de informações sobre a saúde do presidente também se tornou mais discreta. Diferentemente dos últimos dias, não houve entrevista coletiva nem atualizações médicas. A única novidade foi um relatório em que o médico Sean Conley afirma que Trump está sem sintomas e com sinais vitais estáveis, com nível de saturação de oxigênio entre 95% e 97%.

Segundo o New York Times, o presidente pensou em fazer um pronunciamento nacional ontem, mas aparentemente desistiu. O clima na Casa Branca é de preocupação com a propagação do vírus. Ao menos 19 pessoas que estiveram em contato com o presidente ou que participaram da cerimônia de nomeação da juíza Amy Coney Barrett à Suprema Corte, feita na Casa Branca há dez dias, foram infectadas.

 

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