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Biden diz que plano econômico de Liz Truss 'era um erro'

Ele marcou uma crítica incomum de um presidente dos EUA às decisões de política doméstica de um de seus aliados mais próximos

Biden disse que era previsível que a nova primeira-ministra fosse forçada a desistir dos planos de cortar impostos sem identificar como custearia, depois que a proposta de Truss causou turbulência nos mercados financeiros globais (Spencer Platt/Getty Images)

Biden disse que era previsível que a nova primeira-ministra fosse forçada a desistir dos planos de cortar impostos sem identificar como custearia, depois que a proposta de Truss causou turbulência nos mercados financeiros globais (Spencer Platt/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de outubro de 2022 às 15h47.

Enquanto Liz Truss tenta sobreviver ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido pouco mais de um mês depois de ter assumido, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez críticas diretas ao seu antigo plano econômico. Segundo ele, a ideia de cortar impostos dos mais ricos era um erro e disse estar preocupado que as políticas fiscais de outras nações possam prejudicar os EUA em meio à inflação mundial.

Biden disse que era previsível que a nova primeira-ministra fosse forçada a desistir dos planos de cortar impostos sem identificar como custearia, depois que a proposta de Truss causou turbulência nos mercados financeiros globais. Ele marcou uma crítica incomum de um presidente dos EUA às decisões de política doméstica de um de seus aliados mais próximos.

"Eu não fui o único que achou que era um erro", disse Biden. "Eu discordo da política, mas isso depende do Reino Unido." Seus comentários vieram depois de semanas de funcionários da Casa Branca se recusando a criticar os planos de Truss, embora enfatizassem que estavam monitorando de perto as consequências econômicas.

Ele estava falando com repórteres em uma sorveteria do Oregon, onde fez uma parada não anunciada para promover a candidatura da candidata a governadora pelo Partido Democrata Tina Kotek, enquanto os democratas de todo o país enfrentam um ambiente político difícil em meio às críticas do Partido Republicano à maneira como lidam com a economia. Em 8 de novembro, os EUA passarão por eleições de meio de mandato para renovar o Congresso e parte do Senado.

Biden disse que não está preocupado com a força do dólar - que estabeleceu um novo recorde em relação à libra esterlina nas últimas semanas - que beneficia as importações dos EUA, mas torna as exportações do país mais caras para o resto do mundo.

Os comentários de Biden foram rapidamente endossados pelos membros do Partido Trabalhista, que já pediram a renúncia de Truss - um pedido que já teve ecos dentro de alguns membros conservadores. "Isso é totalmente humilhante para Liz Truss. Os comentários do presidente Biden confirmam o impacto que nossa reputação internacional sofreu graças ao [Partido Conservador", escreveu o trabalhista David Lammy.

Neste domingo, 16, a premiê se reuniu com seu novo secretário do Tesouro, Jeremy Hunt, depois que ele substituiu Kwasi Kwarteng. No dia anterior, Hunt disse em entrevista à BBC que a premiê tinha consciência dos erros que havia cometido, e prometeu uma mudança na política econômica do Reino Unido.

Truss insistiu durante a reunião em seu apego a uma economia sólida, após uma semana tensa sob o ataque de seu próprio partido que ameaça sua continuidade no cargo. Ela admitiu que foi doloroso demitir Kwasi Kwarteng do cargo, um ultraliberal econômico e seu amigo de longa data. A reunião visava delinear um novo programa antes da apresentação do orçamento em 31 de outubro.

"Você não pode pavimentar o caminho para uma economia com impostos baixos e alto crescimento sem manter a confiança do mercado na força de nossa moeda", escreveu a premiê neste domingo no jornal The Sun.

A erosão da confiança começou em 23 de setembro, quando Kwarteng e Truss revelaram seu programa ultraliberal, inspirado nas políticas do presidente americano Ronald Reagan nos anos 1980, para implementar um corte de 45 bilhões de libras em impostos, financiados exclusivamente por um aumento da dívida.

Os mercados despencaram, o que fez as taxas de dívida e o Partido Conservador afundar nas pesquisas. Começou então uma guerra interna, apenas algumas semanas depois que Truss sucedeu Boris Johnson.

Em uma tentativa de permanecer no cargo, ela demitiu seu recém-nomeado ministro das Finanças e o substituiu por Jeremy Hunt.

Neste domingo, Hunt insistiu que a primeira-ministra mantém o controle de seu governo, apesar de precisar reverter suas políticas econômicas que foram sua assinatura durante a campanha para o cargo. Ele disse que a tributação aumentará e os gastos públicos encolherão, apesar da crescente crise do custo de vida do Reino Unido.

Ele afirmou ter ficado surpreso ao receber o chamado para retornar ao Gabinete - depois de já ter servido em dois governos conservadores anterior -, mas ficou honrado por se juntar ao governo, pois compartilhava o desejo de Truss de priorizar o crescimento econômico. "Ela mudou a maneira como vamos chegar lá mas não mudou o destino, que é fazer o país crescer", disse Hunt. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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