Agência de notícias
Publicado em 20 de setembro de 2024 às 08h15.
Última atualização em 20 de setembro de 2024 às 08h18.
Se Donald Trump quer "baixar a temperatura política, deve parar de dizer que os migrantes estão envenenando o sangue dos Estados Unidos, eles são o sangue dos Estados Unidos", e deve assumir o compromisso de "aceitar os resultados" das eleições, afirmou o presidente Joe Biden na quinta-feira, 19.
"Nossa política ficou muito quente" e "todos temos a responsabilidade de baixar a temperatura", disse o presidente dos Estados Unidos em um discurso veemente durante a cerimônia anual do 'Congressional Hispanic Caucus Institute' (CHCI), em Washington.
"Temos que começar por nos opor a qualquer violência, a cometida contra o ex-presidente Trump na Pensilvânia e na Florida", afirmou, em referência às duas tentativas de assassinato contra o republicano no período de dois meses.
Mas também contra "o ataque mais letal contra os latinos na história moderna", que matou 19 crianças e dois professores em maio de 2022 no Texas.
"Morrem mais crianças nos Estados Unidos por ferimentos de bala do que por qualquer outro motivo (...) é pura covardia não fazer nada", disse.
O líder democrata aproveitou a cerimônia que celebrava a contribuição da comunidade latina nos Estados Unidos para intensificar as críticas a Trump, que disputará as eleições de 5 de novembro contra Kamala Harris.
"Comecemos por denunciar a violência de 6 de janeiro de 2021", quando simpatizantes de Trump atacaram o Congresso, e "parar de afirmar que vão perdoar os insurgentes", disse.
O presidente de 81 anos fez um apelo a Trump, 78, para que admita a derrota nas eleições de 2020 e "comprometa-se a aceitar os resultados" das próximas eleições.
O republicano resiste a aceitar incondicionalmente os resultados e previu, há alguns meses, um "banho de sangue" em caso de derrota.
Biden ressaltou que os Estados Unidos são "uma nação de imigrantes", onde 25% dos estudantes do Ensino Médio são latinos.
Trump deve "começar a compreender que nossa nação se enriquece, protege e fortalece graças aos migrantes", disse, antes de criticar a retórica anti-imigração do republicano.
"Se você quer baixar a temperatura, deve parar de dizer que os migrantes estão envenenando o sangue dos Estados Unidos. Eles são o sangue dos Estados Unidos! Eles são o sangue dos Estados Unidos", enfatizou.
"Pare de chamar os migrantes de animais,, estupradores e assassinos", insistiu, e de "espalhar mentiras e demonizar" as comunidades haitianas de Ohio.
Há vários dias circulam boatos que alegam que imigrantes haitianos de uma cidade do estado do meio-oeste dos Estados Unidos roubam animais de estimação para comê-los.
Trump repetiu o boato, que provocou dezenas de alertas de bomba e o fechamento temporário de escolas.
"Uma das razões pelas quais a nossa economia é a mais forte do mundo é porque rejeitamos a xenofobia do meu antecessor e de líderes como ele em todo o mundo", disse Biden.
Paralelamente, Kamala Harris, 59 anos, participou de um comício repleto de estrelas na quinta-feira, organizado pela apresentadora Oprah Winfrey.
Estrelas de Hollywood, como a cantora Jennifer Lopez, as atrizes Meryl Streep e Julia Roberts e os atores Chris Rock e Ben Stiller, participaram por telão e elogiaram a vice-presidente no evento "Unite for America".
Oprah perguntou sobre o aparente aumento de confiança de Kamala desde que Biden passou o bastão da candidatura.
"Cada um de nós tem momentos na vida em que deve dar um passo à frente", respondeu a democrata em Michigan, um dos sete estados cruciais que decidirão uma eleição muito acirrada.
Kamala abordou temas cruciais da campanha, como o aborto, a economia e a imigração, ao responder às perguntas benevolentes da apresentadora.
A democrata pediu a união dos americanos contra as "forças poderosas que tentarão nos dividir", representadas por Trump.
Uma pesquisa New York Times/Siena aponta uma leve vantagem de Kamala na Pensilvânia, talvez o mais importante dos estados-pêndulo, contra Trump, mas empatada com o republicano a nível nacional.
A alegria de Kamala contrastou com o tom sombrio de Trump durante um evento contra o antissemitismo na capital, Washington.
O republicano passou grande parte do tempo reclamando que os judeus geralmente votam nos democratas.
"Se eu não ganhar esta eleição (...) na minha opinião, os judeus terão muito a ver com uma derrota", disse Trump, que acusou Kamala Harris de não apoiar Israel após os ataques cometidos pelos combatentes do Hamas em 7 de outubro.
Segundo o republicano, "qualquer judeu que vota nela (...) deveria ter a cabeça examinada".