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Biden avalia novas sanções contra o petróleo da Rússia, diz Bloomberg

Um modelo mais amplo de sanções poderia ser semelhante ao que acontece no Irã

Biden estuda punir frota de navios russos que transportam petróleo do país (Saul Loeb/AFP)

Biden estuda punir frota de navios russos que transportam petróleo do país (Saul Loeb/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 10h20.

O governo Biden está avaliando novas sanções contra o setor de petróleo da Rússia, buscando com isso apertar a máquina de guerra do Kremlin poucas semanas antes de Donald Trump retornar à Casa Branca.

Segundo a Bloomberg, detalhes das possíveis novas medidas ainda estavam sendo elaborados, mas a equipe do presidente Joe Biden estava considerando restrições que poderiam atingir exportações do petróleo russo.

Essa medida era algo que Biden resistia há muito tempo por temores de que pudesse desencadear um pico nos custos de energia, especialmente na preparação para a eleição presidencial do mês passado. Mas com os preços do petróleo caindo em meio a um excesso global de oferta e temores de que Trump possa tentar forçar a Ucrânia a um acordo rápido com a Rússia para encerrar sua guerra de quase três anos, o governo Biden agora está aberto a ações mais agressivas. O governo Biden está avaliando, inclusive, novas sanções destinadas à frota de navios que a Rússia usa para transportar seu petróleo.

A União Europeia está planejando medidas semelhantes sobre os navios russos para antes do final do ano. Espera-se também que o bloco tenha como alvo indivíduos envolvidos no comércio petrolífero.

De acordo com a Bloomberg, um modelo de sanções mais amplas dos EUA poderia ser semelhante ao que já acontece com o petróleo iraniano. Nesse caso, os compradores do petróleo enfrentam punições dos EUA. Tal movimento seria repleto de riscos, dado que países poderosos, incluindo Índia e China, são grandes consumidores de petróleo bruto russo.

Tais ações poderiam aumentar os preços do petróleo, causando tensão econômica global. Os preços futuros do petróleo bruto mantiveram-se em uma faixa estreita desde meados de outubro, com o Brent sendo negociado abaixo de US$ 75 o barril, em comparação com mais de US$ 120 nos meses após a invasão da Rússia.

Isso também aumentaria as tensões com adversários e parceiros, cuja ajuda os EUA querem limitar as exportações de bens sensíveis, como chips e outras tecnologias que alimentam a máquina de guerra da Rússia.

Trump na Casa Branca

Embora esses movimentos buscassem ter um resultado num mercado de petróleo mais fraco, eles também teriam como objetivo aumentar a pressão sobre a Rússia antes que Trump assumisse o cargo. O presidente eleito pressiona por negociações para acabar com a guerra na Ucrânia, e membros do gabinete democrata falaram que querem dar ao governo do presidente Volodymyr Zelenskiy o máximo de "vantagem" possível antes de qualquer negociação, segundo a Bloomberg.

Com isso em mente, apertar ainda mais as finanças do presidente Vladimir Putin poderia fortalecer o lado da Ucrânia. Há uma chance de Trump desfazer as medidas se ele sentisse que elas inflaram os preços do petróleo, mas isso corre o risco de ter o custo político potencial de parecer fraco ou oferecer concessões à Rússia muito cedo.

A última grande sanção de Washington contra Moscou aconteceu no mês passado contra o Gazprombank, última instituição relevante financeira russa que estava isenta de penalidades. O governo Biden havia decidido anteriormente não aplicar punições contra o banco - nações europeias usam a instituição para pagar pelo gás que ainda compram da Rússia.

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