WASHINGTON, DC - FEBRUARY 24: U.S. President Joe Biden delivers remarks about Russia's “unprovoked and unjustified" military invasion of neighboring Ukraine in the East Room of the White House on February 24, 2022 in Washington, DC. Biden announced a new round of sanctions against Russia after President Vladimir Putin launched an attack on Ukraine from the land, sea and air on Thursday. (Photo by Drew Angerer/Getty Images) (Drew Angerer/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 16h11.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2022 às 17h42.
O presidente americano, Joe Biden, fez na tarde desta quinta-feira, 24, um aguardado pronunciamento acerca da situação da Ucrânia, invadida oficialmente pelos russos nesta madrugada.
"Putin é o agressor. Putin escolheu essa guerra. E agora ele e seu país vão enfrentar as consequências", disse.
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No discurso, afirmou que 7.000 novos soldados serão enviados à Alemanha, mas que os americanos não lutarão na Ucrânia.
Em um pacote de sanções unificado com aliados europeus, Biden anunciou limitações de exportações à Rússia e de operações de empresas e da elite russa em dólares e euros.
O presidente americano mencionou que a economia russa "já sofre" os impactos das medidas anunciadas.
Citou que o mercado de ações russo teve ampla queda nesta manhã, e que o rublo russo atingiu seu pior valor "na história". Ainda assim, reconheceu que as sanções podem "levar tempo" para ter efeito.
No pacote, não está ainda uma exclusão dos russos do sistema de pagamentos internacionais Swift, o que é uma demanda da Ucrânia e seria vista como a mais forte medida já tomada, na prática bloqueando transações entre a Rússia e o mundo.
A expectativa de Biden é que, com as sanções anunciadas hoje, um quarto das importações de alta tecnologia da Rússia sejam afetadas, o que o presidente americano afirmou que terá impacto também nas frentes militares.
Os bancos russos sancionados têm em seu patrimônio mais de US$ 1 trilhão, e as instituições estão sendo retiradas do sistema internacional. As sanções incluem congelamento de US$ 250 milhões do banco VTB nos EUA, um dos maiores da Rússia.
Mais membros da elite russa e seus familiares foram adicionados à lista de sanções. Além disso, algumas das maiores empresas russas, com ativos que juntos superam US$ 1,4 trilhão, não poderão captar recursos com investidores americanos e europeus.
"Quero ser claro: os EUA não estão fazendo isso sozinhos", disse Biden, afirmando que 27 membros da União Europeia, Canadá, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e outros países estavam no acordo de sanções. Os países participantes, segundo Biden, representam 40% do PIB mundial.
Uma preocupação americana é a possibilidade de ciber-ataques russos a empresas e sistemas nos Estados Unidos. Biden afirmou que, se a Rússia atacar alvos americanos, terá "resposta", sem mencionar detalhes. O presidente afirmou que ataques já vêm sendo direcionados nos últimos dias contra órgãos do governo ucraniano.
Na fala, Biden também reforçou que os EUA não enviarão tropas à Ucrânia, embora tenha enviado, segundo o presidente americano, mais de 650 milhões de dólares em "assistência de defesa" à Ucrânia no ano passado.
"Vou dizer isso de novo: nossas forças não estão, e não irão, entrar em um confronto com a Rússia na Ucrânia", disse.
Biden afirmou que falou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e que oferecerá também "ajuda humanitária" ao governo ucraniano.
Biden afirmou que as tropas americanas enviadas nas últimas semanas à Europa são destinadas a defender os aliados da Otan, aliança militar criada após a Segunda Guerra. Pelo acordo, se um país da Otan for invadido, os outros membros são obrigados a defendê-lo, o que não é o caso da Ucrânia.
"Os EUA vão defender cada polegada de território da Otan com força americana em escala máxima", disse, afirmando que a Otan está "mais determinada" do que nunca e que 7.000 tropas americanas serão enviadas à Alemanha para proteção dos aliados. "Um ataque em um é um ataque em todos."
A tentativa de entrada da Ucrânia na Otan foi, inclusive, um dos motivos do conflito com a Rússia, desencadenado a invasão da Crimeia em 2014.
A expectativa da Ucrânia após o ataque russo nesta quinta-feira era de fortes sanções de aliados ocidentais contra o governo de Vladimir Putin. As medidas de hoje são somadas a um primeiro pacote de sanções que havia sido antecipado na terça-feira, após a entrada de tropas russas na região separatista de Donbas.
Na Rússia, o presidente Vladimir Putin também se reuniu nesta quinta-feira com empresários e afirmou que não teve escolha na invasão ucraniana. Empresários russos afirmaram ao presidente que novas sanções poderiam interromper as cadeias logísticas e de fornecimento.
Na fala de hoje, Biden disse ainda que as sanções foram "desenhadas" para "maximizar" o impacto na economia russa, e "minimizar" os efeitos na economia de EUA e aliados.
Os EUA vivem sua maior inflação em 40 anos, e uma preocupação de Biden - que enfrenta baixa em popularidade e terá eleições legislativas neste ano - é um aumento nos preços de petróleo para o consumidor americano. Os potenciais impactos aos americanos dentro de casa foram um dos principais pontos da fala, citados repetidamente.
O presidente afirmou que tem "coordenado" com países e empresas produtoras para manter a oferta no mercado interno, e afirmou que empresas americanas não devem "aproveitar o momento" para subir preços.
O preço do barril de petróleo do tipo Brent chegou a subir mais de 7% nesta quinta-feira, superando o patamar de US$ 100, o maior desde 2014.
Para os europeus, a principal preocupação é o gás natural, usado para aquecimento e energia elétrica e do qual a Rússia é um dos principais fornecedores. O preço do gás natural na Europa subiu mais de 70% nesta quinta-feira.
Enquanto isso, a tendência é que potências ocidentais sigam sendo pressionadas a mais medidas. Mais cedo, Dmytro Kuleba, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, fez declaração em inglês nas redes sociais, afirmando que "todos que têm dúvidas" sobre retirar a Rússia do Swift têm nas mãos "sangue de homens, mulheres e crianças ucranianas inocentes".
Em reunião emergencial do G7, grupo das sete principais potências globais, houve divergências nesta quinta-feira entre os líderes sobre tirar ou não Moscou do sistema, com os EUA sendo inicialmente contrários, de acordo com fontes presentes ouvidas pelo jornal Financial Times.