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BID: desaceleração forte na China é ameaça para AL

Uma freada da segunda maior economia mundial prejudicará não somente países exportadores de metais, como Chile e Peru, mas também os que exportam commodities, como Brasil e Argentina

China: risco de uma desaceleração econômica mais acentuada aparece como a nova ameaça ao crescimento da América Latina em 2012, (Getty Images)

China: risco de uma desaceleração econômica mais acentuada aparece como a nova ameaça ao crescimento da América Latina em 2012, (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2012 às 14h08.

Montevidéu - O risco de uma desaceleração econômica mais acentuada na China aparece como a nova ameaça ao crescimento da América Latina em 2012, além de uma eventual deterioração da crise da zona do euro, conforme um estudo divulgado hoje pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), durante a reunião anual da instituição em Montevidéu. Uma freada da segunda maior economia mundial prejudicará não somente países exportadores de metais, como Chile e Peru, mas também os que exportam commodities agrícolas para os chineses, como Brasil e Argentina.

"Depois do potencial impacto de uma piora na crise da zona do euro, a China passou a ser o segundo risco mais sério ao crescimento da América Latina", disse à Agência Estado Andrew Powell, principal consultor do departamento de pesquisa do BID e coordenador do estudo. Segundo ele, o estudo mantém como cenário base um crescimento da América Latina de 3,6% em 2012, com as economias do Brasil e do México crescendo por volta dessa média da região. Nesse cenário, a Europa evitaria uma crise, a China desaceleraria sua economia apenas moderadamente e os Estados Unidos não resvalariam para uma nova recessão.

"Há, contudo, mais riscos negativos para esse cenário base e que podem trazer para baixo a estimativa para a economia da região", ressaltou Powell. "Ainda há muitas incertezas em relação à economia mundial." Segundo ele, a Europa está longe de ter resolvido os seus problemas da dívida soberana, mesmo após a Grécia ter conseguido concluir a operação de troca da sua dívida, o que abriu o caminho para liberação de desembolsos programados da ajuda financeira.

No caso da China, o cenário base ainda embute uma projeção de crescimento econômico para 2012 de 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB), acelerando para 9,1% em 2015. A projeção, entretanto, foi elaborada antes de o governo chinês ter anunciado, no início deste mês, a sua nova meta de crescimento para o PIB de 7,5%. Entre os vários cenários traçados pelos economistas do BID há, inclusive, os mais pessimistas, com o PIB chinês sendo afetado em três pontos porcentuais se houvesse uma recessão mais forte na Europa. Nesse caso, os preços das commodities chegariam a cair mais de 30%, prevê o BID.

Mesmo no cenário mais pessimista, há motivos para otimismo em relação à América Latina, ressaltou Powell. "Os países da região estão mais resilientes a choques externos, pois esses países têm mais ferramentas para lidar com uma nova desaceleração da economia mundial", explicou. Entre os fatores positivos que permitem a América Latina atravessar melhor uma nova turbulência da economia mundial, Powell citou a melhora do balanço de pagamentos, com redução da dívida externa e aumento das reservas internacionais, e o uso de políticas monetárias mais sofisticadas, como medidas macroprudenciais, para minimizar os efeitos de um ambiente econômico global mais adverso.

O estudo do BID destaca como vulnerabilidades das economias latino-americanas o forte aumento no fluxo de capital externo, especialmente o capital com perfil mais especulativo; a presença mais acentuada em alguns países latinos de ativos e patrimônio de bancos europeus mais expostos à crise da dívida soberana; e a limitação em muitos países da capacidade de lançar mão de uma política fiscal anticíclica para reverter uma desaceleração mais forte da atividade econômica numa situação de piora da crise. O Brasil, contudo, está num grupo mais restrito de países latino-americanos em que a capacidade de fazer uso de uma política fiscal para estimular a economia é ainda quase a mesma do período mais agudo da crise financeira de 2008, segundo o estudo do BID.

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