Atentados em Paris: os passaportes dos suspeitos provêm "da mesma oficina" que os documentos dos terroristas de Paris (Remo Casilli/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2016 às 09h47.
Berlim - Os três solicitantes de asilo sírios detidos nesta terça-feira na Alemanha pela suposta relação com o Estado Islâmico (EI) tiveram vínculos com os terroristas dos atentados de Paris de novembro e constituíam provavelmente uma "célula dormente", segundo o ministro do Interior, Thomas de Maizière.
Em um comparecimento perante os meios de comunicação após a revelação da detenção no estado federado de Schleswig-Holstein de três homens, de 17, 18 e 26 anos, o ministro precisou que não existem indícios concretos sobre a preparação de um atentado, mas sim de que os detidos estavam à espera de receber instruções do EI.
Segundo o ministro, tudo parece indicar que o grupo de traficantes que levou os terroristas de Paris à Europa foi o mesmo que levou os três solicitantes de asilo detidos hoje à Alemanha em novembro de 2015, desde a Turquia até a Grécia e depois através da rota dos Bálcãs.
Além disso, os passaportes dos três suspeitos provêm "da mesma oficina" que os documentos dos terroristas de Paris.
De Maizière afirmou que os responsáveis pela investigação tinham se centrado em particular na relação dos detidos com os terroristas da França, que deixaram 130 mortos nos atentados perpetrados em 13 de novembro contra a sala de concertos "Bataclan" e outros alvos.
Estes vínculos demonstram, segundo o ministro, que o EI não tem só determinados países no ponto de mira, mas todo Ocidente, por isso que é mais necessário uma "boa cooperação" dos organismos de segurança nacionais, também em nível transatlântico, para enfrentar esta ameaça comum.
Com a revista realizada desde esta manhã em vários centros de refugiados no norte da Alemanha, os organismos de segurança buscam repelir "qualquer ameaça possível", acrescentou.
O ministro afirmou que as forças de segurança "investigam todos os indícios imediatamente e com meticulosidade" e advertiu que a situação em matéria de segurança continua sendo "invariavelmente séria" e de ameaça constante.
Segundo seus números, atualmente há 60 casos abertos contra solicitantes de asilo por possível vínculo com o terrorismo.
"O EI apostou por introduzir estas pessoas entre os refugiados a fim de gerar insegurança", ressaltou.
A Promotoria tinha avançado nesta manhã que os três detidos foram acusados de ter entrado no país "para realizar uma missão concreta ou para esperar instruções adicionais".
Mahir Al-H., de 17 anos, se uniu ao EI em setembro de 2015 na cidade síria de Al Raqqa e recebeu um breve treino que incluía o uso de armas e explosivos, explicou a Promotoria em comunicado .
Em outubro, o jovem, junto aos outros dois acusados, Mohammed A. e Ibrahim M., de 26 e 18 anos, respectivamente, se comprometeu a viajar à Europa perante um responsável do EI para operações e atentados fora do território sob controle do grupo terrorista.
Para isso, os suspeitos receberam passaportes, somas em dinheiro por milhares de dólares, assim como telefones celulares com programas de comunicação pré-instalados.
Na operação participaram mais de 200 soldados do Escritório Federal do Criminal (BKA), da Polícia Federal e das forças de segurança de vários estados federados.