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Berlim faz registro de neonazistas após assassinatos

Governo alemão que evitar casos como o assassinato em série de nove imigrantes, todos eles com a mesma pistola


	O novo registro central, inaugurado nesta quarta pelo ministro e que terá sede em Berlim, armazenará dados como o movimento de contas bancárias
 (Bill Pugliano/Getty Images)

O novo registro central, inaugurado nesta quarta pelo ministro e que terá sede em Berlim, armazenará dados como o movimento de contas bancárias (Bill Pugliano/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2012 às 20h55.

Berlim - A Alemanha lançou nesta quarta-feira um registro central de neonazistas, estimulada pela revelação tardia de uma célula ultradireitista que assassinou imigrantes impunemente por todo o país durante anos.

O caso da autodenominada Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU) ''nos abriu os olhos e evidenciou a necessidade de adotarmos um registro capaz de armazenar os dados dos 36 batalhões policiais e serviços secretos que zelam pela segurança nacional'', admitiu o ministro de Interior do país, Hans-Peter Friedrich.

''Trata-se de traçar um panorama global juntando as peças de um mosaico'', disse o ministro, que quer impedir que se repita o que a chanceler Angela Merkel qualificou de ''vergonha para a Alemanha''.

Ou seja, o governo alemão que evitar casos como o assassinato em série de nove imigrantes, todos eles com a mesma pistola.

O novo registro central, inaugurado nesta quarta pelo ministro e que terá sede em Berlim, armazenará dados como o movimento de contas bancárias, ligações telefônicas e acesso à internet por parte dos suspeitos e neonazistas fichados. Além disso, também será obrigatório o registro de atas policiais.

Os batalhões policiais, assim como os serviços secretos, ficam obrigados a fornecer todos os dados à central, caracterizando uma mudança substancial, já que até agora a transferência era feita segundo critérios das chefias locais.

Com isso, será articulado um registro similar ao criado em 2007 para canalizar todas as informações relativas ao radicalismo islâmico, após reconhecer na extrema-direita um perigo terrorista que até agora a Alemanha não tinha conhecimento.

O Ministério do Interior calcula que entre os 25 mil ultradireitistas no país há cerca de 9.500 neonazistas fichados como violentos. Segundo as estatísticas de 2011, eles praticaram 16.142 delitos, sendo 755 considerados violentos.


As duas maiores forças ultradireitistas do país - o Partido Nacional Democrático (NPD) e a União do Povo Alemão (DVU) -, possuem cadeiras em dois parlamentos regionais, somando 15 mil militantes, enquanto o resto se reparte em 200 formações menores.

O grande desafio para as forças de segurança é a enorme diversificação do neonazismo em grupos locais, assim como os Nacionalistas Autônomos.

A estratégia da polícia em criar um registro centralizado aconteceu depois que, quase por acaso, foram revelados os assassinatos em série pela NSU.

A existência do grupo constava nos arquivos da Alemanha Saxônia desde o fim dos anos 90, mas a polícia nunca tinha ido atrás de seus integrantes, Uwe Böhnard, Uwe Mundlos e Beate Zschäpe.

O trio foi responsável pelo assassinato dos nove imigrantes - oito pequenos comerciantes turcos e um grego - que foi revelado em novembro de 2011, por conta dos suicídios de Böhnard e Mundlos, de 34 e 38 anos respectivamente. Os neonazistas se mataram depois que a polícia perseguiu o motorhome onde eles fugiam depois de terem assaltado um banco.

Beate, de 36 anos e suposta companheira dos dois, se entregou imediatamente depois. Desde então, está na prisão, mas o teor dos interrogatórios aos quais foi submetida ainda é desconhecido.


O trio se financiou durante todo esse tempo roubando bancos e cometendo atentados. O último assassinato cometido pelo grupo foi contra um agente policial, em 2007.

Os erros por parte do governo alemão começaram quando os dados dos assassinatos não foram cruzados e, portanto, os investigadores não repararam que as mortes tinham acontecido pela mesma arma. Mais comprometedoras ainda foram as revelações posteriores ao duplo suicídio e às detenções de 13 supostos cúmplices, já que pelo menos um deles era confidente policial.

O próprio Mundlos, de acordo com revelações na semana passada, foi chamado pelo Serviço de Proteção Militar (MAD) para atuar como infiltrado enquanto cumpria o serviço militar.

A este acúmulo de erros ainda é somada a destruição de, pelo menos, sete atas sobre os neonazistas por parte do Escritório Federal de Proteção da Constituição (VS).

Os deslizes, os erros e a conivência em torno da NSU custaram o posto do chefe do VS, Heinz Fromm, e de seu colega da polícia federal, Matthias Seeger, ambos aposentados prematuramente. 

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