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Berlim e Washington abordarão casos de suposta espionagem

Os chefes da diplomacia alemã e americana se reunirão em Viena para tentar resolver a crise após a Alemanha descobrir dois supostos espiões duplos


	Ministro alemão Frank-Walter Steinmeier: "queremos reativar nossa associação"
 (Faisal al-Tamimi/AFP)

Ministro alemão Frank-Walter Steinmeier: "queremos reativar nossa associação" (Faisal al-Tamimi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2014 às 14h23.

Berlim - Os chefes da diplomacia alemã e americana se reunirão no domingo em Viena para tentar resolver a crise iniciada entre os dois aliados depois que Berlim descobriu o caso de dois supostos espiões duplos que trabalhavam para Washington.

"Queremos reativar nossa associação, nossa amizade com bases sinceras. Estamos preparados. Esta também será a mensagem que vou transmitir ao meu colega americano, John Kerry, quando me reunir com ele em Viena", durante negociações sobre o programa nuclear iraniano, disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, em uma coletiva de imprensa.

"Apesar dos acontecimentos das últimas semanas, que são preocupantes (...) nossa aliança com os Estados Unidos é indispensável para mim", sustentou o ministro.

A descoberta de dois supostos espiões pagos por Washington é o ponto culminante de vários meses de tensão diplomática entre Alemanha e Estados Unidos causada pelos métodos de espionagem do governo americano que, segundo as revelações do ex-consultor Edward Snowden, incluíram a interceptação das comunicações da chanceler Angela Merkel.

O governo alemão anunciou na quinta-feira a expulsão do chefe dos serviços secretos americanos na Alemanha, após a descoberta desses dois supostos espiões, uma decisão incomum entre aliados da Otan.

Os analistas concordam que a crise é grave, embora seja provável que ambas as partes se esforcem para preservar este vínculo transatlântico de suma importância, principalmente no contexto atual de muitas crises internacionais.

Em Berlim, o tom era conciliador. Martin Schafer, porta-voz de Steinmeier, rejeitou o termo "escalada". O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, afirmou que as tensões não afetam as negociações em andamento sobre um tratado de livre comércio entre Europa e Estados Unidos.

"Não houve telefonema algum da chanceler (Angela Merkel) para Washington e não há nada programado até o momento, mas vocês sabem que a chanceler e o presidente americano mantêm boas relações", afirmou o porta-voz da chefe do governo alemão.

Em Washington, o presidente Barack Obama permaneceu em silêncio, mas a Casa Branca ressaltou na quinta-feira a importância das relações com a Alemanha, evitando comentar os casos de espionagem.

Merkel "não é o cachorrinho de Obama"

A imprensa alemã, que apoia em uníssono Merkel, adotava um tom menos diplomático.

"Este é um momento decisivo na história das relações germano-americanas", considerou o jornal de centro-esquerda Süddeutsche Zeitung, em referência à expulsão do chefe dos serviços secretos dos Estados Unidos. Trata-se de "um ato de protesto sem precedentes contra a arrogância dos Estados Unidos", acrescentou.

"Merkel não é o cachorrinho de Obama. A mensagem que (Merkel) enviou foi clara e indispensável", considerou o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

"A crise atual é muito grande", declarou à AFP Henning Riecke, especialista em relações transatlânticas do Conselho Alemão de Política Externa (DGAP), um grupo de estudos com sede em Berlim.

"Os alemães não entendem por que os Estados Unidos espionam (um aliado) para defender seus interesses", disse.

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