Cristãos rezam na Igreja da Natividade, em Belém: em Roma, era esperada uma multidão na Praça de São Pedro (Hazem Bader/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de dezembro de 2013 às 12h44.
Belém - Os cristãos da cidade de Belém preparam nesta terça-feira a celebração do Natal, horas antes de o papa Francisco oficiar sua primeira Missa do Galo no Vaticano.
Em Roma, era esperada uma multidão na Praça de São Pedro, nove meses depois da eleição do argentino Jorge Mario Bergoglio, que se converteu, assim, no papa Francisco.
Já o patriarca latino de Jerusalém, Monsenhor Fouad Twal, a maior autoridade católica romana na Terra Santa, realizará sua entrada solene em Belém no início da tarde desta terça-feira.
Em sua chegada, o patriarca costuma estar acompanhado por tropas de escoteiros palestinos com suas gaitas, herança do mandato britânico (1920-1948). Posteriormente, se dirigirá à Basílica da Natividade, local de nascimento de Cristo, segundo a tradição cristã.
Todos os anos, esta colorida procissão dá lugar a uma grande festa popular na Praça da Manjedoura, no coração de Belém, em festejos que são a principal atração turística anual na Cisjordânia.
Após a Missa do Galo, Twal oficiará uma missa de Natal na igreja católica de Santa Catarina, localizada junto à Basílica, que contará com a presença, entre outros, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e da chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton.
Neste ano, um temporal incomum e as difíceis perspectivas das negociações de paz entre Israel e os palestinos auspiciadas pelos Estados Unidos ofuscam esta celebração de Natal em Belém.
Neste mês, uma tempestade de neve histórica chegou a paralisar Jerusalém, situada em uma colina, o que levou o prefeito a pedir ajuda ao exército para socorrer os motoristas presos. As cidades palestinas de Ramallah e Belém, perto de Jerusalém, também ficaram cobertas de neve e zonas situadas em locais mais baixos foram atingidas por chuvas torrenciais.
Belém se localiza atrás de um muro construído por Israel na Cisjordânia, que os palestinos chamam de "muro do apartheid".
Abbas acusou na semana passada o Estado de Israel de levar ao fracasso as tentativas americanas de impulsionar o processo de paz, depois que o exército israelense anunciou que havia matado um membro das forças palestinas e um integrante do movimento radical Jihad Islâmica no norte da Cisjordânia.
Os negociadores palestinos advertiram em várias ocasiões que não poderão prosseguir com as negociações se Israel continuar matando palestinos, demolindo suas casas e construindo outras para colonos israelenses na Cisjordânia no ritmo atual.
As forças israelenses mataram 30 palestinos em 2013, em sua grande maioria na Cisjordânia. Além disso, destruíram mais de 600 construções palestinas, segundo a UE.
O secretário americano de Estado, John Kerry, havia reativado estas negociações entre palestinos e israelenses no fim de julho com a ideia de concluí-las em um período de nove meses, que seriam completados no dia 29 de abril de 2014, mas ainda não conseguiu obter nenhum resultado concreto.
"Embora a atenção mundial não se concentre mais na Terra Santa, porque se voltou para o drama da Síria, cabe afirmar que o conflito israelense-palestino incide de modo capital (no que ocorre) na região e constitui um grande obstáculo para a estabilidade no Oriente Médio", declarou o patriarca latino de Jerusalém.
Em sua tradicional mensagem de Natal, Twal acrescentou que a colonização israelense nos territórios palestinos ocupados era o principal obstáculo para os esforços que buscam alcançar a paz.