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BCE reduz taxas de juros e está aberto a mais medidas

O BCE reduziu sua taxa básica em 0,25 ponto percentual, para nova mínima recorde de 0,50 %, em resposta à inflação bem abaixo da meta e ao aumento do desemprego

O BCE quer melhorar a transmissão de sua política monetária para que as taxas baixas alcancem todos os cantos da zona do euro ( REUTERS/Kai Pfaffenbach)

O BCE quer melhorar a transmissão de sua política monetária para que as taxas baixas alcancem todos os cantos da zona do euro ( REUTERS/Kai Pfaffenbach)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2013 às 17h37.

Bratislava - O Banco Central Europeu (BCE) reduziu as taxas de juros pela primeira vez em 10 meses nesta quinta-feira e indicou a possibilidade de mais medidas de política para dar sustentação à economia da zona do euro.

O BCE reduziu sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para nova mínima recorde de 0,50 %, em resposta à inflação bem abaixo da meta e ao aumento do desemprego.

O presidente do BCE, Mario Draghi, prometendo fornecer a liquidez que os bancos da zona do euro precisarem até o próximo ano e ajudar as pequenas empresas a terem acesso ao crédito, também indicou que alguns membros do banco fizeram pressão por um corte maior.

"Houve um consenso muito, muito forte e predominante para um corte de taxa de juros", disse Draghi em entrevista à imprensa após a reunião do Conselho Diretor do BCE em Bratislava. "Dentro disso, houve um consenso predominante para uma redução de apenas 0,25 ponto percentual".

O BCE também está "tecnicamente preparado" para reduzir sua atual taxa de depósito de zero % para território negativo, o que significa que o BCE começaria a cobrar dos bancos por manter o dinheiro deles.

Tal medida pode encorajar os bancos a emprestarem dinheiro em vez de deixá-lo no BCE, embora isso provalmente tenha também um grande impacto nas próprias operações dos bancos e implicações para o financiamento e mercados de títulos.

Draghi disse que o BCE poderia lidar com essa medida --uma mudança em relação a declarações anteriores.

"Há várias consequências não intencionais que podem derivar desta medida", disse Draghi sobre a taxa de depósito negativa. "Nós iremos lidar com essas consequências se decidirmos agir. E olharemos pra isso novamente com uma mente aberta e estaremos prontos para agir se necessário".


O corte da taxa de juros básica era amplamente esperado, depois que Draghi afirmou no mês passado que o banco estava pronto para agir, mas poucos economistas esperam que a redução faça diferença.

Tomando conhecimento disso, o BCE informou que irá prover aos bancos a quantidade de liquidez que for necessária até, pelo menos, julho de 2014 e observará maneiras para impulsionar o empréstimo às empresas menores, que são a força vital das economias da Europa, mas que têm enfrentado falta de crédito em muitos países.

"O corte de hoje fornece principalmente suporte a bancos periféricos e pode ampliar a confiança marginalmente", disse o economista do ING Carsten Brzeski.

Compra de títulos?

Draghi manteve a previsão do BCE de que a recuperação econômica acontecerá no final do ano, mas destacou riscos a essa visão.

O BCE irá "monitorar bem de perto" todas as evidências, disse Draghi, declaração que no passado sugeriu mais ações de política se aproximando.

O desemprego atingiu máxima recorde em março e a inflação anual desacelerou para 1,2 % em abril, pressionando o BCE a cortar os juros neste mês para honrar seu mandato de garantir estabilidade de preços, definida como inflação próxima mas abaixo de 2 %.

A queda repentina nas pressões dos preços também levantou a possibilidade de o BCE ter que analisar ferramentas de política além das taxas de juros para conter mais desacelerações na inflação.

"No final das contas, nós achamos que o BCE terá de comprar ativos do setor privado para consertar o mecanismo de transmissão", disse Andrew Bosomworth, do PIMCO, o maior fundo de títulos do mundo.


Pequena empresa, grande problema

O BCE quer melhorar a transmissão de sua política monetária para que as taxas baixas alcancem todos os cantos da zona do euro.

O sul do bloco não está se beneficiando da mesma maneira que o norte com as taxas baixas. Se realizam empréstimos, os bancos do sul estão cobrando mais das empresas e famílias por empréstimos do que os países do norte, por causa de custos mais altos de financiamento e riscos de crédito.

"Não pode haver temores de falta de financiamento como desculpa para não emprestar", disse Draghi após a reunião de política em Bratislava, uma das duas que o BCE realiza fora de Frankfurt a cada ano.

O BCE expressou repetidas vezes preocupação com o impacto disso nos empréstimos para pequenas e médias empresas, as quais possuem poucas alternativas para o financiamento bancário.

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