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Batatas viram nova polêmica da política americana

Governo quer diminuir o uso do alimento nas escolas para combater a obesidade, mas produtores reclamam

A quantidade de batatas consumidas nas escolas americanas vira objeto de debate nos Estados Unidos (Jon Pallbo/Wikimedia Commons)

A quantidade de batatas consumidas nas escolas americanas vira objeto de debate nos Estados Unidos (Jon Pallbo/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2011 às 16h15.

Washington - De humilde tubérculo, a batata passou a estar no centro de uma guerra política, em Washington, sobre o que as crianças americanas devam ou não comer nas escolas.

Numa nova frente de batalha na guerra contra a obesidade, o governo americano, através do Departamento de Agricultura, quer limitar as porções de "vegetais ricos em amido" a não mais de duas vezes por semana no programa de almoços escolares subsidiados pela governo federal.

Até agora, o governo americano não havia limitado o número de batatas que uma escola pode servir a seus estudantes, o que vem causando apreensão entre os produtores e os que os representam no Congresso.

"Embora seja firme partidário em aumentar o número de frutas e verduras disponíveis em nossas escolas, acho que a proposta vai simplesmente muito longe", disse a senadora Olympia Snowe, pelo Maine, um estado produtor do nordeste do país.

Semana passada, o Senado retomou a proposta, que Snowe e seus pares de Colorado, Idaho, Nebraska e Oregon prometeram cortar pela raiz com uma emenda ao projeto de lei sobre os gastos agrícolas de 2012.

O tema é complexo; levando-se em vista que um em cada quatro americanos é obeso e um em cada três apresenta problema de sobrepeso, os agricultores enfrentam uma economia frágil, além do mau tempo em muitas partes do país.

A batata é o primeiro cultivo dos Estados Unidos, gerando lucros aos agricultores de 3,3 bilhões de dólares anuais, segundo o Conselho Nacional da Batata, um grupo setorial.

O americano médio consome mensalmente mais de 4,5 kg de batatas. A forma preferida é frita, mas o produto também é usado como purê, fervido ou ao forno.

Num estudo realizado no começo do ano, pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard identificaram a batata como um dos alimentos mais associados ao aumento de peso durante um período de estudo de 20 anos.

Por isso, recomendaram consumir menos batatas e menos alimentos com amido como o milho e as ervilhas verdes.


A partir daí, e seguindo a orientação científica do Instituto de Medicina, órgão assessor oficial, o Departamento de Agricultura estima que, ao dar menos batatas aos estudantes, eles vão comer mais verduras.

"Achamos que os planos que propomos são os melhores para as crianças, e muitas escolas já os adotam", disse Kevin Concannon, subsecretário de serviços de alimentação e nutrição ao consumidor, num correio eletrônico à AFP.

"Mas os planos não são definitivos, e estamos levando a sério as preocupações das pessoas, pelo que sabemos que teremos muito trabalho por fazer", acrescentou.

O menu revisto aumentou o custo da refeição escolar em 14 centavos de dólar, ou seja, mais que o dobro dos 6 centavos recebidos pelos estabelecimentos de subsídio federal. Em cinco anos, os gastos adicionais vão chegar a 6,8 bilhões de dólares.

John Keeling, diretor executivo do Conselho Nacional da Batata em Washington, disse que não há evidência de que as crianças comam outros vegetais em substituição das batatas.

"Os americanos no total estão recebendo menos de 3% de suas calorias de batatas em todas suas formas", disse à AFP, lembrando que "90% das servidas nas escolas não são fritas".

As batatas são fonte excelente de potássio, do qual muitos americanos carecem em sua dieta. Também são ricas em fibra e oferecem mais vitamina C que o suco de laranja, disse Keeling.

É irônico, acrescentou, que o governo queira cortar o consumo da batata quando a China - o maior produtor mundial, principalmente para a alimentação animal - quer que sua popuçação de mais de um bilhão de pessoas o aumente.

"Realmente parecem ver a batata como o alimento do futuro para sua população", devido à pouca água e a terra necessárias para cultivá-las, em comparação com o arroz ou o trigo, disse.

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