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Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2012 às 06h59.
Charlotte - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem diante de si o desafio de entusiasmar os eleitores novamente após quatro anos na Casa Branca marcados por conquistas sociais e de segurança, mas com questões pendentes como Guantánamo, a reforma migratória e a condução de uma economia debilitada pela crise.
Com 51 anos, seu cabelo se encheu de fios brancos, mas continua sendo o mesmo homem pelo qual Michelle Obama se apaixonou quando se conheceram em Chicago, como ela mesmo disse na Convenção Democrata que acontece em Charlotte e onde nesta quinta-feira o presidente aceitará formalmente a candidatura à reeleição.
Barack Obama, o primeiro presidente negro da história dos EUA, 'conhece o sonho americano porque o viveu', ressaltou Michelle em seu discurso.
No dia 4 de agosto de 1961 nascia no Havaí, o estado mais jovem e distante do país, um menino chamado Barack como seu pai, o economista queniano educado em Harvard Barack Obama Sr., mas que foi criado por sua mãe, Stanley Ann Dunham, uma antropóloga do Kansas.
Após a separação de seus pais quando tinha apenas dois anos, Obama só voltou a ver seu pai mais uma vez e o novo namorado de sua mãe o levou ao seu país de origem, Indonésia, onde estudou em escolas muçulmanas e católicas.
Aos 10 anos sua mãe o enviou outra vez ao Havaí, com seus avôs, para que recebesse uma educação melhor. Em sua adolescência estava mais perto do basquete que dos livros, mas foi um aluno brilhante e terminou estudando Política na Universidade de Colúmbia e Direito em Harvard.
Sua avó materna, Madelyn Payne Dunham, falecida no dia anterior de seu histórico triunfo eleitoral em 4 de novembro de 2008 e que o amava 'mais que tudo no mundo', o inspirou a pensar grande.
Ela "acreditava na promessa fundamental do sonho americano" da recompensa ao trabalho duro 'e nos ressuscitou' com seu exemplo, lembrou Michelle, uma advogada com a qual Obama se casou em 1992 e com quem tem duas filhas, Malia e Sasha.
Chicago, a cidade de Michelle, deu muito ao presidente. Para ali se mudou nos anos 1980 e foi trabalhador social, depois professor e defensor dos direitos civis até dar o salto à política em 1997 com sua eleição como senador estadual de Illinois.
Em 2004, após ganhar relevância na convenção democrata com um discurso em favor da reconciliação racial, Obama desembarcou na política nacional e entrou no Senado.
O presidente é "um orador político clássico" e seus comícios de 2008, na histórica campanha na qual derrotou o republicano John McCain, "foram alguns dos melhores exemplos do discurso político americano desde John F. Kennedy", afirma Bruce Gronbeck, professor emérito da Universidade de Iowa, à Agência Efe.
'É reflexivo e olha para frente', assim Erwin Hargrove, professor emérito da Universidade de Vanderbilt, define o agraciado com o Nobel da Paz em 2009 por seus 'esforços extraordinários para reforçar a diplomacia internacional'.
Suas convicções estão intactas após quatro anos na Casa Branca e suas promessas são confiáveis, segundo sua esposa, mas o certo é que ele mesmo comentou recentemente em entrevista que um dos maiores erros de seu mandato foi não saber 'conectar-se' melhor com os cidadãos.
Obama 'perdeu a magia de 2008 após se transformar em presidente', comentou à Efe Allan Lichtman, professor de História na American University.
A seu favor para tentar recuperar de novo o entusiasmo dos eleitores pesa o fato de ter sido o presidente que pôs fim à Guerra do Iraque e, sobretudo, o que autorizou a operação militar que matou Osama bin Laden em seu refúgio no Paquistão em maio de 2011.
Também aprovou em 2010 uma histórica reforma que estabelece o seguro médico obrigatório, uma conquista sobre a qual a sociedade americana está muito dividida.
A fraqueza da economia americana, acentuada por um alto desemprego e a crise na Europa, é hoje o principal inimigo de suas aspirações de ser reeleito e permanece como a maior preocupação entre os eleitores.
A polarização no Congresso entre democratas e republicanos se acentuou durante seu mandato e isso bloqueou iniciativas de ambas partes para encaminhar a economia após a maior crise desde a Grande Depressão de 1929.
Além disso, Obama não pôde cumprir a promessa de fechar a polêmica prisão de Guantánamo e os hispânicos, uma força crescente nos EUA, reivindicam que também não iniciou uma necessária reforma migratória integral.
Inclusive nos momentos mais difíceis, 'Barack me lembra que estamos em um jogo longo, que a mudança é dura e lenta, e nunca acontece de repente', ressaltou Michelle em seu emocionado discurso na convenção.
E por isso pediu uma segunda oportunidade para o marido 'seguir em frente', como reza o lema de sua campanha pela reeleição. EFE