Equipes de resgate carregam corpo de vítima em Bangladesh: as medidas chegam após o desabamento de um edifício que abrigava várias fábricas e deixou até agora 1.127 mortos (REUTERS/Stringer)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2013 às 09h05.
Nova Délhi - O governo de Bangladesh aumentará o salário mínimo dos trabalhadores do setor têxtil e permitirá a criação de sindicatos sem a autorização dos donos das fábricas, informou nesta segunda-feira à Agência Efe uma fonte oficial.
As medidas, que melhoram a situação laboral dos trabalhadores do setor que são os mais mal pagos do mundo com US$ 38 por mês, chegam após o desabamento de um edifício que abrigava várias fábricas e deixou até agora 1.127 mortos.
A proposta de emenda à Lei Laboral de 2006 permitirá aos trabalhadores criarem sindicatos livremente e incluirá um seguro médico e de vida, que serão pagos pelos donos das fábricas.
"A lei foi aprovada pelo Governo, agora será revisada pelo Ministério de Leis e depois terá que ser aprovada pelo Parlamento", disse Tareq Zahirul, porta-voz do Ministério de Têxteis.
Atualmente, 30% dos trabalhadores do setor estão filiados a um sindicato, disse à Agência Efe o presidente da Associação de Produtores e Exportadores de Bangladesh, Atiqul Islã.
O país asiático também aumentará o salário mínimo dos trabalhadores do setor têxtil.
O Executivo está criando uma comissão com representantes dos donos das fábricas, líderes sindicais e elementos governamentais que decidirão as novas condições salariais dos empregados do setor no país asiático.
"A comissão demorará três meses para fazer suas recomendações, mas o aumento do salário mínimo entrará em vigor com efeito retroativo desde 1° de maio", explicou Zahirul.
A última vez que os salários sofreram reajustes no setor foi em 2010, quando o salário mínimo mensal era de US$ 21.
Uma fonte do Ministério de Têxteis que não quis se identificar assinalou que os trabalhadores pedem US$ 102 mensais, uma reivindicação que não sabem se será aceita.
Este setor é fundamental para a economia do Bangladesh, já que representa 78% das exportações, dá trabalho a quatro milhões de pessoas e atrai grandes companhias do Ocidente por oferecer a mão-de-obra mais barata do planeta.
O desabamento em 24 de abril do complexo têxtil, que tinha nove andares e estava situado na cidade de Savar, evidenciou as duras condições trabalhistas dos empregados da confecção em Bangladesh.
O maior acidente industrial da história de Bangladesh deixou 2.438 trabalhadores feridos, enquanto a operação de recuperação de cadáveres entrou em sua última fase.
As empresas estrangeiras El Corte Inglês, Benetton, Primark, Bon Marche e Joe Fresh admitiram produzir em algum das oficinas do complexo acidentado e a Mango tinha feito um pedido de prova.