Sede do BCE: governo espanhol afirma que vem cumprindo metas de reduzir déficit (Eric Chan/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2010 às 13h40.
Madri - Os bancos espanhóis descartam a necessidade de ajuda europeia, mas defendem o aprofundamento de reformas econômicas, num momento em que o país tenta distanciar-se da crise irlandesa.
"A Espanha vai se salvar do resgate. Nem nos ocorre pensar que vá necessitar disso", afirmou nesta quinta-feira o presidente da Associação Espanhola de Bancos (AEB), Miguel Martín, durante um colóquio organizado pela IESE Business School em Madri.
A Irlanda é um caso especial com problemas que vão ser solucionados e não deveria ser citada como exemplo do que pode acontecer a outros países da Zona do Euro, acrescentou.
"Esperemos que fique por aí. Não acredito que a Irlanda seja paradigma do que vá acontecer no restante (dos países). A Irlanda é um país relativamente pequeno" comparado à Europa, assegurou o presidente da AEB.
Martín uniu-se, assim, ao governo espanhol, que nos últimos dias não deixou de multiplicar mensagens de tranquilidade, assegurando que a Espanha não será vítima de contágio da situação irlandesa, depois de ter sofrido as rebarbas do plano de resgate aplicado à Grécia na primavera passada, no Hemisfério Norte.
"Descarto (um efeito de contágio). Com os dados que temos em mão, descarto absolutamente", afirmou segunda-feira, em entrevista, a ministra da Economia Elena Salgado, que vem se tornando onipresente na imprensa, para tentar acalmar o mercado, cujo temor elevou a dívida soberana espanhola a máximos históricos.
"Temos um compromisso de redução do déficit que estamos cumprindo, temos receitas que se ajustam ao orçamento, temos um setor financeiro que se apresenta sólido, e continua sendo, que está em processo de reforma acelerada, que contribuirá para a concentração de entidades mais fortes e mais solventes, se couber", acrescentou Salgado.
No entanto, especialistas apontam as fraquezas da economia, com um crescimento nulo, uma taxa de desemprego de 20% (a maior da Zona do Euro) e reformas consideradas ainda insuficientes para alcançar o objetivo de redução do déficit.
A Espanha, que sofreu muito com a explosão da bolha imobiliária e a crise internacional em 2008 e 2009, quer reduzir seu déficit, que alcançou 11,1% do PIB em 2009; 9,3% em 2010, 6% em 2011 e 3% em 2013, pelo que prevê para 2011 mais austeridade fiscal.
O crescimento espanhol foi estancado no terceiro trimestre do ano, depois de o país sair da recessão nos primeiros três meses de 2010, com aumento de 0,1% em relação ao trimestre anterior e +0,3% no segundo trimestre.
Para o conjunto do ano, o governo conta com uma contração da atividade de 0,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Para 2011, espera um crescimento de 1,3%.