Redator na Exame
Publicado em 11 de outubro de 2024 às 10h35.
O Conselho Executivo do Banco Mundial aprovou na quinta-feira, 10, a criação de um Fundo Intermediário Financeiro (FIF) para apoiar a Ucrânia. A iniciativa, que deve contar com contribuições dos Estados Unidos, Canadá e Japão, visa fornecer até US$ 50 bilhões (cerca de R$ 279 bilhões) em recursos adicionais ao país, que há mais de dois anos enfrenta a guerra contra a Rússia. A informação é da Reuters.
As contribuições exatas dos EUA, Japão e Canadá ainda estão sendo discutidas, mas parte dos fundos será financiada por juros provenientes de ativos soberanos russos congelados. A votação do Banco Mundial ocorreu um dia após os representantes da União Europeia terem concordado em disponibilizar até 35 bilhões de euros (R$ 213 bilhões) como parte de um empréstimo mais amplo do G7, também respaldado pelos rendimentos de ativos russos congelados.
A decisão do Banco Mundial reflete o compromisso do Grupo dos Sete (G7) em apoiar a Ucrânia, conforme discutido na cúpula dos líderes em junho. O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, já havia expressado abertura para administrar um fundo de empréstimos para a Ucrânia, financiado por ativos russos congelados, desde que os recursos sejam direcionados para finalidades não militares. Banga destacou a experiência do Banco Mundial em gerenciar fundos de doadores não militares, como no caso do Afeganistão.
Josh Lipsky, do Atlantic Council's GeoEconomics Center, avaliou que a aprovação do fundo pelo Banco Mundial, juntamente com a decisão da União Europeia, oferece um reforço significativo de financiamento para a Ucrânia. Segundo ele, trata-se de "uma quantia de dinheiro que pode fazer diferença", em um momento em que os gastos do país com a guerra em 2024 estão estimados entre US$ 80 bilhões (R$ 446 bilhões) e US$ 90 bilhões (R$ 502 bilhões).
O novo fundo também possibilitará a participação de países fora da Europa no esforço de financiamento, ampliando o apoio internacional à Ucrânia. As ações mostram uma movimentação coordenada dos países ocidentais para mobilizar recursos significativos, utilizando ativos russos congelados, que somam aproximadamente 210 bilhões de euros (R$ 1,2 trilhão).
O sucesso do fundo também dependerá da capacidade do Banco Mundial de replicar modelos de fundos anteriores, adaptados à complexidade do cenário ucraniano. A estrutura permite que o fundo seja gerido de forma eficiente, envolvendo uma coalizão de países e organizações internacionais com experiência em financiamento de reconstrução em situações de conflito.