O relatório afirmou concretamente que as forças leais a Kadafi 'executaram e torturaram até a morte milhares de prisioneiros' (Ahmad al-Rubaye/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2012 às 21h51.
Nações Unidas - O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu nesta terça-feira às autoridades líbias que respondam às denúncias sobre violações dos direitos humanos e crimes de guerra que, segundo um relatório do organismo, foram cometidos durante os combates que levaram ao fim o regime de Muammar Kadafi.
'O secretário-geral acredita que o relatório e as recomendações da Comissão de Investigação sobre a Líbia apresentam uma boa base para que as autoridades líbias respondam aos assuntos dos direitos humanos no país', disse o porta-voz de Ban, Martin Nesirky, em comunicado.
Assim reagiu o principal responsável da ONU às conclusões que a comissão divulgou no dia 2 de março, nas quais assegurou que tanto as forças do coronel Kadafi como dos insurgentes líbios cometeram crimes de guerra durante os combates.
O relatório afirmou concretamente que as forças leais a Kadafi 'executaram e torturaram até a morte milhares de prisioneiros', a maioria fazia parte da população civil, por isso que 'as sistemáticas execuções constituem crimes contra a humanidade'.
Já os insurgentes 'executaram e torturaram até a morte leais a Kadafi e supostos mercenários que não eram membros do Exército', algo considerado um crime de guerra.
Além disso, o relatório concluiu que as forças da Otan também foram responsáveis por mortes de civis durante o conflito, mas 'não de forma deliberada', e nos casos em que aconteceu 'não é possível determinar se, ao atacar, a organização levou em conta o objetivo de evitar mortes de civis e se tomou todas as precauções necessárias'.
Em seu comunicado, Ban explica que 'as ações da comunidade internacional (durante o conflito) cumpriram com as resoluções do Conselho de Segurança, e destaca que 'a Otan não atacou deliberadamente os civis' em seus ataques sobre a Líbia.
A Rússia pediu primeiro ao Conselho de Segurança que a ONU estude as ações da Otan na Líbia e na semana passada solicitou no mesmo fórum que a Aliança Atlântica reconheça que sua intervenção na Líbia causou mortes entre civis, peça desculpas e pague uma compensação apropriada por isso.
O embaixador russo perante a ONU, Vitaly Churkin, inclusive apelou à responsabilidade do governo líbio nesse sentido e pediu à ONU que elabore um comunicado conjunto com a Otan para liquidar o assunto.
A Otan, amparada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para proteger a população civil da repressão, organizou no final de março de 2011 uma operação para impor um bloqueio naval e uma zona de exclusão aérea na Líbia, que foi chave para que os rebeldes acabassem com o regime de Kadafi.
Durante essa operação morreram alguns civis, o que a Rússia usou desde então para criticar a resolução da ONU que aprovou o uso da força, à qual Moscou não se opôs, mas que agora usa para se opor a uma reação do Conselho de Segurança sobre a situação da violência na Síria.