Sudão do Sul: Ban chamou mais uma vez a atenção sobre a deterioração da situação no Sudão do Sul (©AFP/Arquivo / Ashraf Shazly)
EFE
Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 22h16.
Nações Unidas - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta segunda-feira um embargo de armas ao Sudão do Sul no Conselho de Segurança, que está dividido em relação à imposição dessa medida.
Ban chamou mais uma vez a atenção sobre a deterioração da situação no Sudão do Sul e garantiu que o embargo de armas reduziria a capacidade das partes em conflito de entrar em guerra.
"O Sudão do Sul não enfrenta nenhuma ameaça externa. Mais armas só aumentarão o risco para a própria população", disse o diplomata sul-coreano, que deixa o cargo no início do próximo ano.
O secretário-geral da ONU defende há meses a imposição da medida, mas o Conselho de Segurança, que tem o poder de decretar o embargo, preferiu não atuar.
A Rússia e outros países africanos se mostraram reticentes sobre a eficácia da iniciativa.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, defendeu a necessidade de impor o embargo e questionou o argumento dos opositores da medida.
"Como as coisas vão piorar se reduzirmos as armas em uma situação de pré-genocídio?", questionou Power, lembrando que os EUA já impuseram sanções contra vários líderes destacados do conflito.
Ban reforçou os alertas da ONU sobre possíveis atrocidades que estão sendo cometidas no Sudão do Sul e lembrou que o genocídio não é um acontecimento isolado, mas sim um processo.
"Temo que esse processo esteja prestes a começar, a menos que tomemos ações imediatas. O Conselho de Segurança deve tomar medidas para reduzir o fornecimento de armas ao Sudão do Sul e enviar um sinal claro alertando que o discurso do ódio, da incitação e da violência deve terminar", disse Ban.
O secretário-geral da ONU também destacou que é essencial que o Conselho de Segurança lembre às partes em conflito que elas serão responsabilizadas em casos de crimes de guerra.
Ban disse que os relatórios da ONU indicam que o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e seus aliados preparam uma ofensiva militar para os próximos dias.
O mesmo ocorre do lado da oposição, liderada por Riek Machar.
Independente do Sudão desde 2011, o Sudão do Sul convive com a violência desde dezembro de 2013, quando Kiir denunciou uma tentativa de golpe de Estado liderado por Machar.
Ambos firmaram um acordo de paz em agosto de 2015, mas a tensão voltou a explodir há alguns meses.