A carreira diplomática de Ban Ki-moon começou na embaixada de seu país na Índia e depois foi enviado à missão diplomática da Coreia do Sul na sede da ONU em Nova York (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2011 às 06h01.
Nações Unidas - A diplomacia de Ban Ki-moon permitiu ao sul-coreano sua ratificação nesta terça-feira como secretário-geral da ONU, em uma demonstração de confiança da comunidade internacional em seu trabalho de consenso e em sua abordagem mais agressiva para defender os civis em situações de conflito.
"Sua decisão e suas palavras me enchem de honra, além do que posso expressar. Receber a confiança de vocês me enche de humildade", disse Ban após o juramento sobre a carta de fundação da ONU em cerimônia realizada no plenário da Assembleia Geral.
Em seu discurso de aceitação, o diplomata se comprometeu a trabalhar como "harmonizador e construtor de pontes entre os Estados-membros dentro das Nações Unidas e com nossos sócios internacionais", e pediu à comunidade internacional que esqueça a competitividade e busque a unidade.
"Vivemos em uma era de integração e interconexão, uma nova era na qual nenhum país pode superar sozinho os desafios e na qual todo país deve ser parte da solução. O papel das Nações Unidas é liderar", acrescentou o sul-coreano.
Aclamado pela Assembleia Geral, sem nenhuma voz dissonante, o oitavo secretário-geral da ONU confirmou sua imagem de "homem de consenso" e convenceu todos os Estados-membros que é a pessoa adequada para ostentar o cargo mais importante diplomacia mundial por mais cinco anos a partir de janeiro de 2012.
"O secretário-geral soube mostrar os dentes este ano", afirmaram nesta terça-feira à Agência Efe fontes diplomáticas ocidentais na ONU, que avaliaram "muito positivamente" o trabalho de Ban.
As fontes fizeram referências concretas a seu apoio às operações militares na Líbia e à intervenção militar dos "capacetes azuis" na Costa do Marfim, onde, a pedido de Ban e com o apoio do Conselho de Segurança, apoiaram as forças do vencedor das eleições presidenciais, Alassane Ouattara, para tirar do poder o derrotado presidente Laurent Gbagbo.
"É uma clara defesa dos valores de liberdade e democracia", acrescentaram.
Mesmo algumas organizações que criticavam o trabalho inicial de Ban em matéria de direitos humanos em países como China e Sri Lanka, reconhecem que "Ban ouviu no Egito, na Líbia e no Costa do Marfim", como assinalou à Efe o porta-voz da Human Rights Watch (HRW), Philippe Bolopion.
Bolopion se mostrou cauteloso, no entanto, com o segundo mandato, uma inquietação compartilhada com a organização UN Watch, cujo porta-voz, Leon Saltiel, disse à Agência Efe que espera que a partir de agora Ban "fale mais em defesa de prisioneiros políticos como Liu Xiaobo" e que deixe de lado a cautela diante de China e Rússia.
Ban Ki-moon terá pela frente importantes desafios, como a reforma da própria ONU, a luta contra a mudança climática e a resposta à crise econômica que fez minguar as contribuições dos Estados ao organismo.
Nascido no dia 13 de junho de 1944, Ban foi ministro de Relações Exteriores e Comércio da Coreia do Sul e, em 2007, se tornou o primeiro sul-coreano à frente da ONU e o oitavo secretário-geral do organismo, ao suceder o ganês Kofi Annan.
Sua carreira diplomática começou na embaixada de seu país na Índia e depois foi enviado à missão diplomática da Coreia do Sul na sede da ONU em Nova York.
Em julho de 1987 foi transferido à embaixada sul-coreana em Washington onde permaneceu até maio de 1990, quando que foi nomeado diretor-geral do departamento de Relações com os Estados Unidos no Governo de Seul.
Em 1995 foi promovido ao posto de vice-ministro encarregado de Planejamento Político e Organizações Internacionais e um ano depois assumiu o cargo de assessor de Segurança Nacional da Presidência da Coreia do Sul.