Ban Ki-Moon: ele anunciou que visitará Gaza na terça-feira para "ouvir diretamente as pessoas" (Menahem Kahana/Pool/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2014 às 18h38.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou nesta segunda-feira com veemência a colonização de Israel na Cisjordânia, exigindo também o fim das "provocações" na Esplanada das Mesquitas durante uma visita marcada pela tensão.
Em sua primeira visita à Cisjordânia e a Israel depois de uma guerra na Faixa de Gaza que exacerbou as tensões entre israelenses e as Nações Unidas, Ban utilizou um tom fora do habitual para condenar "a contínua colonização por parte de Israel" e manifestar sua "profunda preocupação com as repetidas provocações nos locais sagrados de Jerusalém".
O secretário-geral não acusou Israel diretamente nem mencionou de forma explícita a Esplanada das Mesquitas, um local sagrado tanto para judeus como para muçulmanos que foi palco de novos confrontos nesta segunda-feira entre jovens palestinos e policiais israelenses.
Os judeus são autorizados a ir à esplanada em horários determinados e sob vigilância, mas não têm o direito de rezar.
Os muçulmanos aparentemente viram como uma provocação a autorização concedida no domingo pelas autoridades a uma visita de judeus ortodoxos ao local.
Sobre a violência nesse local, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, atribuiu a "extremistas palestinos" a responsabilidade da tensão crescente.
"Não é Israel que, de uma maneira ou outra, muda o 'status quo', e sim os extremistas palestinos que acirram os ânimos e provocam a violência", disse Netanyahu ao lado do secretário-geralan feitas no dia anterior sobre o fato de a ocupação israelense ser uma das "causas profundas" da guerra em Gaza.
Nesse sentido, Netanyahu não hesitou em contradizer publicamente as declarações de Ban feitas no dia anterior de que a ocupação israelense foi uma das "causas profundas" da guerra em Gaza.
Ele chegou a acusar alguns líderes das Nações Unidas de terem devolvido ao Hamas foguetes encontrados nas escolas da ONU durante a guerra em Gaza.
Netanyahu também tentou pressionar Ban Ki-moon a se opor às iniciativas "unilaterais" dos palestinos para conseguir o reconhecimento internacional da Palestina.
Ban em Gaza na terça-feira
Ban participou no domingo da conferência de doadores para Gaza, no Cairo. Eles prometeram fornecer 5,4 bilhões de dólares para a reconstrução do território devastado após 50 dias de guerra com Israel.
A quantia prometida é muito animadora, disse Ban. Mas a situação em Gaza, que acaba de sair de sua terceira guerra em seis anos, não será resolvida sem uma solução global para o conflito entre Israel e palestinos, ressaltou.
Após a conferência, Ban Ki-moon anunciou que visitará Gaza na terça-feira para "ouvir diretamente as pessoas".
O presidente israelense, Reuven Rivlin, também abordou o conflito em Gaza ao receber Ban Ki-moon em sua residência em Jerusalém, dizendo que "é preciso encontrar uma solução sobre o bloqueio de Gaza" imposto por Israel desde 2006.
"Mais de um milhão e meio de palestinos (em Gaza) não podem continuar a viver nestas condições", acrescentou ele, insistindo que o Hamas deve ser "privado de sua capacidade terrorista".
Em Jerusalém, assim como em Ramallah durante uma coletiva de imprensa conjunta com Rami Hamdallah - chefe do governo de união palestino -, Ban Ki-Moon falou do "'status quo' insustentável".
Diante de perspectivas de paz sombrias - depois do fracasso de uma nova iniciativa americana em abril -, ele pediu que palestinos e israelenses "mostrem coragem" e retomem as negociações o mais rápido possível, aceitando compromissos difíceis, mas necessários.
A guerra em Gaza causou atritos entre a ONU e Israel. O secretário-geral da organização mostrou indignação com o fato de três abrigos da ONU terem sido atingidos por ataques israelenses, que deixaram dezenas de mortos. Israel acusou a ONU de complacência com o Hamas.
Ban vai visitar a Faixa de Gaza na terça-feira.