"Precisamos das mulheres na arena política, nos processos decisórios, na implementação de políticas públicas, também na arena econômica, em toda a cadeia de suprimento” (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2012 às 12h18.
Rio de Janeiro - O documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será entregue aos chefes de Estado e de Governo, deve contemplar de forma satisfatória, com importantes avanços, a questão da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres. A avaliação foi feita hoje (18) pela subsecretária-geral e diretora executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet.
Segundo ela, que concedeu entrevista coletiva no Riocentro, zona oeste do Rio de Janeiro, o texto, que ainda está em negociação, traz a ideia chave das mulheres como força motriz do desenvolvimento sustentável e tem parágrafos específicos sobre o tema.
“A redação, é claro, ainda pode ser melhorada, mas ele [documento] trata sobre essas questões do empoderamento das mulheres, de aumentar a participação das mulheres nos processos decisórios e na economia e do fortalecimento dos direitos das mulheres. A linguagem é boa e esperamos que continue nessa direção”, afirmou.
Ex-presidenta do Chile, Michelle Bachelet também ressaltou que houve uma preocupação para que a questão não ficasse restrita aos parágrafos que versam sobre o tema, mas que fizesse parte, de maneira transversal, de outros importantes assuntos que compõem o documento, como a erradicação da pobreza, os oceanos e as cidades.
“As mulheres têm papel importante no desenvolvimento sustentável em várias perspectivas e é por isso que não podem estar restritas a uma só área. Precisamos das mulheres na arena política, nos processos decisórios, na implementação de políticas públicas, também na arena econômica, em toda a cadeia de suprimento”, acrescentou.
Ela destacou que, de acordo com relato da ex-primeira ministra da Noruega e enviada especial do secretário-geral das Nações Unidas, Gro Brundtland, a participação feminina no mercado de trabalho norueguês chega a 75%. Na América Latina, entretanto, ela alcança 53% em média e está geralmente associada aos setores informais.
“Precisamos aumentar a capacitação das mulheres para que elas contribuam ainda mais para a economia mundial, mas também precisamos delas porque tomam decisões todos os dias em aspectos relacionados ao uso da água e da energia, por exemplo. Precisamos delas para garantir que as três dimensões do desenvolvimento sustentável [social, econômica e ambiental] estejam de fato integradas”, ressaltou.