Durante a cúpula de Rio+20, Bachelet se programou para realizar um encontro com as líderes de governo para impulsionar o papel da mulher em todos os setores (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2012 às 14h41.
Nações Unidas - A chilena Michelle Bachelet, diretora-executiva da ONU Mulheres, pedirá aos líderes mundiais na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20 que acelerem seus compromissos com a igualdade de gênero.
"Queremos que os países se comprometam a seguir apostando nas mulheres, porque a mulher é uma peça fundamental para o desenvolvimento sustentável", disse Bachelet em entrevista à Agência Efe antes de partir nesta quarta-feira para Equador e o Brasil.
A ex-presidente do Chile levará para a cúpula da Rio+20, que será realizada entre os dias 20 e 22 de junho, uma mensagem clara de defesa da igualdade de gênero e da capacitação das mulheres
"A Rio+20 é uma grande oportunidade para seguir avançando e acelerar compromissos em todas as aéreas, mas sobretudo para que os governos se comprometam a financiar as políticas que aprovam", acrescentou Bachelet.
A ex-governante quer que no documento redigido no final da cúpula fique claro que é necessário melhorar a vida das mulheres no plano social e econômico, para que desta maneira elas possam participar das mudanças que o planeta necessita.
"Se conseguirmos avançar mais rapidamente em questões da igualdade de gênero, vamos avançar mais rapidamente no desenvolvimento sustentável", ressaltou a diretora da ONU Mulheres, que explicou que "em muitos países há leis formidáveis que não são iniciadas devida à falta de recursos financeiros e humanos".
"Como é possível imaginar o desenvolvimento sustentável sem o potencial da mulher, que não foi utilizado nem apoiado de maneira eficiente até agora?", perguntou.
Bachelet frisou que pedirá aos líderes mundiais que se comprometam a incentivar a igualdade de gênero "apesar da crise e das dificuldades econômicas" de muitos países.
"Temos que convocar todos os setores a acelerar o processo de capacitação da mulher", ressaltou, ao mesmo tempo que reconheceu que "é evidente que quando há uma situação econômica e financeira complexa, a possibilidade de utilizar fundos fica limitada, mas a crise não vai durar para sempre".
"O importante é que os governos sigam se comprometendo para que todos os habitantes do mundo possam se desenvolver de uma maneira mais digna e decente", indicou Bachelet. A ex-presidente frisou que apesar dos "numerosos avanços" das últimas duas décadas, ainda há muito a ser feito.
A diretora de ONU Mulheres quer que a mulher se envolva em assuntos vitais para o desenvolvimento sustentável como o uso de energias renováveis e novas técnicas de pesca e agricultura, porque "primeiro de tudo isto facilitaria sua vida, e depois teria um impacto sobre o planeta".
"É importante que homens e mulheres avancemos da mesma maneira se queremos enfrentar os grandes desafios que o planeta tem pela frente", insistiu Bachelet.
Sobre recomendações concretas para a América Latina, a ex-mandatária assinalou que a região necessita "as mesmas recomendações" que o resto do mundo: "é necessário mais mulheres em cargos de comando".
Bachelet reconheceu que a América Latina deve trabalhar ainda mais para acabar com a pobreza e que a miséria tem "cara de mulher e de criança" no continente.
A líder assegurou que no Rio pedirá aos líderes da região que acabem com "as diferenças de salário e os empregos menos qualificados" a que são submetidas as mulheres latino-americanas.
"Se trabalhamos para que na América Latina a mulher deixe de ser vítima da violência, tenha acesso à saúde e à educação, e possa usar a energia renovável, as mulheres vão viver melhor e contribuir melhor ao desenvolvimento de seus países", explicou.
Durante a cúpula de Rio+20, Bachelet se programou para realizar um encontro com as líderes de governo para impulsionar o papel da mulher em todos os setores.
Durante a Rio+20 será realizado também o fórum "O futuro que querem as mulheres", organizado pela ONU.