Policiais fazem escolta na ilha Nusa Kambangan, onde o brasileiro Marco Moreira foi executado no dia 17 de janeiro (Reuters)
Talita Abrantes
Publicado em 18 de janeiro de 2015 às 14h34.
São Paulo - Aos 58 anos, a britânica Lindsay Sandiford está desde 2013 no corredor da morte na Indonésia. A mulher, que tem dois netos, foi presa em maio de 2012 no Aeroporto de Jacarta acusada de transportar 5 quilos de cocaína.
Estima-se que, na época, o volume de droga transportado custaria cerca de 1,6 milhão de libras esterlinas, segundo o Daily Mail - ou o equivalente hoje a 6,3 milhões de reais.
A britânica alega que teria sido obrigada a transportar as drogas após seus filhos sofrerem ameaças de morte. De acordo com a BBC, Lindsay teria participado de uma espécie de delação premiada e teria ajudado a polícia da Indonésia a prender um grupo de traficantes.
Mesmo assim, em janeiro de 2013, ela foi condenada à pena capital.
Tal qual o brasileiro Marco Archer Moreira, que foi executado ontem por causa do mesmo crime, Lindsay viu suas esperanças de ter uma pena mais branda sucumbirem assim que Joko Widodo assumiu a presidência do país com um discurso de mais rigidez contra o tráfico de trocas.
O novo presidente anunciou que negaria todos os pedidos de clemência feitos por traficantes de drogas condenados à morte no país. A Indonésia tem uma das legislações mais duras do mundo contra o tráfico de drogas.
Após críticas da comunidade internacional contra as mortes de ontem, o governo da Indonésia pediu respeito às leis do país e prometeu que as próximas execuções irão acontecer o mais breve possível.
Mais de cem pessoas estariam no corredor da morte no país. Entre eles, o surfista brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, que foi detido em 2004 ao tentar entrar no país carregando 6 kg de cocaína em suas pranchas de surfe. No último dia 9 de janeiro, o presidente indonésio Joko Widodo rejeitou pedido de clemência feito pelo paranaense.
Se Moreira e Gularte tivessem cometido o mesmo crime no Brasil, teriam sido condenados a, no máximo, 15 anos de prisão, pena que poderia ser reduzida por bom comportamento.
Ontem, Moreira foi o primeiro brasileiro na história a ser executado. Além dele, outros quatro estrangeiros foram mortos na Ilha de Nusa Kambangan (veja mapa abaixo).
A execução na Indonésia é feita por fuzilamento. Doze soldados atiram com rifles no peito do condenado, sendo que apenas duas armas são carregadas. Caso a pessoa sobreviva, leva um tiro na cabeça. O brasileiro morreu com um tiro no peito.