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Aviões comerciais continuavam sobrevoando a Ucrânia

Tragédia com um avião malásio do leste da Ucrânia provocou perguntas sobre por que companhias aéreas continuavam sobrevoando aquele território

Mulher acende velas pelas vítimas do voo da Malaysia Airlines que caiu na Ucrânia (Athit Perawongmetha/Reuters)

Mulher acende velas pelas vítimas do voo da Malaysia Airlines que caiu na Ucrânia (Athit Perawongmetha/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2014 às 12h26.

Seul - A tragédia com um avião da Malaysia Airlines na zona de conflito do leste da Ucrânia provocou perguntas sobre por que esta e outras companhias aéreas continuavam sobrevoando aquele território, embora outras tivessem modificado suas rotas há meses.

O espaço aéreo ucraniano sempre foi uma rota muito utilizada por voos entre a Europa e a Ásia, e seu desvio supõe um aumento do tempo de voo e dos custos de combustível.

No entanto, muitas companhias aéreas asiáticas, como as sul-coreanas Korean Air e Asiana, a australiana Qantas e a taiwanesa China Airlines, informaram na sexta-feira que haviam começado a evitar esta região de conflito há pelo menos quatro meses, quando as tropas russas entraram na Crimeia.

"Deixamos de sobrevoar a Ucrânia por razões de segurança", declarou um porta-voz da Asiana, Lee Hyo-Min.

A Korean Air desviou a partir de 3 de março seus voos para 250 km ao sul da Ucrânia, "devido à instabilidade política da região", disse um funcionário à AFP.

Um porta-voz da Qantas indicou por sua vez que seus voos entre Londres e Dubai pararam de voar sobre a Ucrânia "alguns meses atrás", enquanto a China Airlines mudou seus voos em 3 de abril.

Perguntado sobre por que a Malaysia Airlines não adotou as mesmas precauções, o ministro malaio dos Transportes, Liow Tiong Lai, explicou que as autoridades internacionais aéreas haviam considerado a rota segura.

"A Organização Internacional de Aviação Civil e os países por cujo espaço aéreo a aeronave passava aprovaram a trajetória do voo MH17", informou o ministro em Kuala Lumpur.

"Nas horas antes do incidente, outros aviões de várias empresas utilizaram o mesmo caminho", disse ele.

Especialistas dos srviços de inteligência americanos consideraram que um míssil terra-ar derrubou o Boeing 777 que viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur.

Segundo o órgão europeu de segurança aérea Eurocontrol, a aeronave malaia voava a cerca de 10.000 metros de altitute (33.000 pés, nível 330).

A rota havia sido fechada no nível "320", mas estava autorizada acima deste.

Evitar zonas de conflito

Outras companhias aéreas asiáticas, como Singapore Airlines, Air India, Thai Airways e Air China; europeias como Lufthansa e Air France, e a americana Delta, declararam que só agora evitariam passar pela Ucrânia.

"Para mim é inacreditável", disse Geoff Dell, especialista em segurança aérea da Universidade Central de Queensland, na Austrália.

"Se existem áreas de conflito no mundo é preciso evitá-las", declarou à TV britânica Sky News.

"Não se pode, desnecessariamente, colocar em risco seus principais recursos: seus passageiros, sua tripulação, seu avião", acrescentou.

Mas Gerry Soejatman, consultor da companhia Whitesky Aviation de fretamento de aeronaves, com sede em Jacarta, disse que cada companhia aérea tem o seu próprio nível de risco.

Voar acima de 30.000 pés é geralmente considerado seguro, porque requer um alto nível de treinamento e um armamento muito sofisticado para derrubar um avião nesta altitude, acrescentou Soejatman.

"Dez anos atrás, seria idiota sobrevoar o Iraque abaixo de 15.000 pés, mas acima de 30.000 era muito seguro, por isso depende do nível de risco", concluiu.

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