Funcionários da Força Aérea indonésia mostram em coletiva de imprensa área de buscas por avião da AirAsia (Juni Kriswanto/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de dezembro de 2014 às 06h53.
Jacarta - As operações de busca do avião da companhia malaia AirAsia, que desapareceu no domingo entre Indonésia e Cingapura com 162 pessoas a bordo, foram retomadas nesta segunda-feira, mas as autoridades indonésias advertiram que a aeronave provavelmente está no fundo do mar.
Cingapura, Malásia e Austrália enviaram aviões e barcos para apoiar a Indonésia nos trabalhos de busca, enquanto os familiares dos desaparecidos esperavam ansiosamente por notícias dos ocupantes do Airbus A320-200, que decolou no domingo de Surabaya, no leste da Indonésia, em direção a Cingapura.
O avião desta companhia de baixo custo malaia desapareceu depois que os pilotos pediram permissão aos controladores de tráfego aéreo para se desviar do plano de voo devido ao mau tempo.
"Com base nas informações que temos e na avaliação do suposto local da queda (da aeronave) no mar, a hipótese é que o avião está no fundo do mar", disse em uma coletiva de imprensa o chefe dos serviços de resgate indonésios, Bambang Soelistyo, embora tenha ressaltado que estas suspeitas iniciais podem evoluir com a análise dos resultados da busca.
Além disso, Soelistyo disse que a Indonésia não tinha as ferramentas adequadas, como submarinos, para recuperar o avião do fundo do mar, mas que pedirá ajuda a outros países se for necessário, em referência a Reino Unido, França e Estados Unidos, que ofereceram anteriormente sua ajuda.
A bordo da aeronave viajavam 155 indonésios, três sul-coreanos, um francês - o co-piloto -, um britânico, um malaio e um cingapuriano. No total, sete membros da tripulação e 155 passageiros, entre eles 16 crianças e um bebê.
A angústia aumenta
Os parentes dos desaparecidos passaram a noite em Surabaya com a esperança de obter notícias, enquanto a angústia aumenta.
Vicky afirmou que ainda mantinha as esperanças de encontrar seus dois irmãos, que pegaram o voo QZ8501, ao mesmo tempo em que considerou impróprias as declarações de uma autoridade indonésia, que disse compartilhar a tristeza das famílias. Para Vicky, isso quer dizer que os passageiros estão mortos.
Os controladores de tráfego aéreo perderam no domingo o contato com a aeronave uma hora após sua decolagem do aeroporto internacional Juanda em Surabaya (leste da ilha de Java) às 05h20 locais. Seu pouso estava previsto em Cingapura às 08h30 (22h30 de Brasília).
Pouco antes de desaparecer dos radares, o piloto havia solicitado subir 6.000 pés de altitude para alcançar os 38.000 com o objetivo de evitar as nuvens, indicou um funcionário do ministério dos Transportes, Djoko Murjatmodjo.
Os trabalhos de busca se concentram em águas das ilhas de Bangka e de Belitung, no mar da Java, em frente à costa oriental de Sumatra.
Ajuda internacional
A França anunciou o envio de dois investigadores, acompanhados de dois técnicos da Airbus, a Jacarta.
A Austrália também prometeu colaborar nas investigações e o governo americano mostrou sua disposição em ajudar, se for necessário, as autoridades locais. Já a China ofereceu meios náuticos e aéreos para colaborar na busca da aeronave.
A AirAsia Indonesia, uma filial da AirAsia, buscava o avião desaparecido.
A sede desta empresa se localiza em Kuala Lumpur, capital da Malásia, onde a companhia aérea perdia 7,48% às 02h15 GMT (00h15 de Brasília) na bolsa.
O Airbus desaparecido foi revisado em 16 de novembro, indicou a AirAsia, uma empresa que nunca havia tido um acidente fatal até a data.
Mas o ministro indonésio de Transportes anunciou nesta segunda-feira que as autoridades de seu país controlarão o funcionamento da AirAsia na Indonésia.
O ano de 2014 foi ruim para a aviação malaia, com a perda de dois aviões da companhia nacional Malaysia Airlines.
Um Boeing 777-200 da Malaysia Airlines desapareceu no dia 8 de março pouco depois de decolar em Kuala Lumpur com 239 pessoas a bordo e quatro meses depois, em 17 de julho, outro Boeing 777 da mesma companhia foi derrubado por separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
A Indonésia, um arquipélago de 17.000 ilhas muito dependente do transporte aéreo, tem um dos piores balanços na Ásia em matéria de segurança aérea.