Guatemala: a erupção deixou até o momento 46 feridos e mais de 3 mil evacuados (Luis Echeverria/Reuters)
AFP
Publicado em 5 de junho de 2018 às 14h22.
Última atualização em 5 de junho de 2018 às 15h55.
Envoltas em uma grossa nuvem de cinzas, as equipes de resgate buscavam desaparecidos nesta terça-feira (5) depois da potente erupção do Vulcão de Fogo na Guatemala, que deixou até o momento 69 mortos e milhares de pessoas evacuadas.
As autoridades guatemaltecas admitiram, porém, que, pela natureza da erupção, que arrasou vários povoados próximos com uma avalanche de lava, será quase impossível encontrar sobreviventes.
"Vamos continuar até encontrarmos a última vítima, embora não saibamos quantas vítimas têm. Mas vamos revistar a área quantas vezes forem necessárias", disse à AFP o diretor da Coordenadoria para a Redução de Desastres (Conred), Sergio Cabañas.
No domingo, o Vulcão de Fogo, de 3.763 metros de altitude e situado 35 quilômetros ao sudoeste da capital, registrou uma potente erupção que até o momento deixou 69 mortos, segundo dados do Instituto Nacional de Ciência Forense (Inacif).
Nesta terça, uma pequena coluna de cinzas coroava o vulcão diante do olhar atento dos socorristas, que cobrem nariz e boca para se proteger da poeira. Nas localidades afetadas pela lava vulcânica, as ruas estão cobertas de cinzas.
O Inacif indicou que, até o momento, apenas 17 pessoas falecidas puderam ser identificadas por meio "das impressões digitais e por características físicas".
Além disso, a tragédia deixa 46 feridos, 3.271 evacuados e 1.877 abrigados nos departamentos de Escuintla (sul) e Sacatepéquez (oeste). Junto com o de Chimaltenango (oeste), estes são os mais afetados pela erupção vulcânica, segundo números da Conred.
Cabañas reiterou que as autoridades não conseguiram estabelecer um número de desaparecidos e que, oficialmente, têm conhecimento de apenas dois socorristas. Mas as esperanças de encontrar sobreviventes se desvanecem.
"Se estiverem presos no fluxo piroclástico, é difícil encontrá-los com vida. Haverá, inclusive, pessoas que podem ter sido carbonizadas e que não será possível encontrá-las", disse Cabañas.
"Continuaremos até que seja necessário e sempre observando as medidas de segurança", acrescentou, referindo-se às encostas do vulcão, onde se acumulou uma enorme quantidade de sedimento que pode, a qualquer momento, soltar-se e causar nova catástrofe.
Na segunda-feira à noite, o presidente do país, Jimmy Morales, reforçou que as tarefas de busca e resgate continuarão o tempo que for necessário.
A Presidência anunciou que, nesta terça, o governo começará a definir o plano de ação para iniciar o mais rápido possível a tarefa de reconstrução.
O diretor do estatal Instituto de Vulcanologia, Eddy Sánchez, disse à AFP que, após a forte erupção de domingo, o vulcão liberou "muita energia" e entrou em uma fase de "repouso ativo". Isso significa que, embora possa gerar explosões fortes, não chegariam "a ser catastróficas".
O Congresso guatemalteco aprovou um decreto presidencial para declarar estado de calamidade pública nos departamentos de Escuintla, Sacatepéquez e Chimaltenango, os mais atingidos e onde fica o vulcão.
O papa Francisco ofereceu nesta terça-feira "orações por todos os que sofrem as consequências desse desastre natural".
O vulcão de Fogo havia gerado sua primeira erupção de 2018 em janeiro passado.
Além disso, provocou em setembro de 2012 a última emergência por erupção no país, causando a evacuação de cerca de 10.000 habitantes assentados em povoados ao sul do vulcão.
Na Guatemala, também estão ativos os vulcões Santiaguito (oeste) e Pacaya.