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Autor de massacre racista poupou mulher para contar a história

Polly Sheppard deu seu testemunho em uma corte federal de Charleston, Carolina do Sul, durante o julgamento do supremacista branco Dylann Roof

Dylan Roof: em 17 de junho de 2015, Roof entrou na igreja metodista episcopal africana Madre Emanuel e matou nove pessoas (Jason Miczek/Reuters)

Dylan Roof: em 17 de junho de 2015, Roof entrou na igreja metodista episcopal africana Madre Emanuel e matou nove pessoas (Jason Miczek/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de dezembro de 2016 às 22h01.

Uma sobrevivente do massacre racista do ano passado em uma igreja da comunidade negra do sudeste dos Estados Unidos disse nesta quarta-feira que o agressor a poupou para que pudesse contar a história.

Polly Sheppard, de 72 anos, deu seu testemunho em uma corte federal de Charleston, Carolina do Sul, durante o julgamento do supremacista branco Dylann Roof, de 22.

Em 17 de junho de 2015, Roof entrou na igreja metodista episcopal africana Madre Emanuel e matou nove pessoas. Agora, enfrenta 33 acusações e a promotoria pede pena de morte.

Nesta quarta-feira, Sheppard descreveu com carinho os nove homens e mulheres que morreram esta tarde quando participavam em um grupo de estudos da Bíblia.

Ela contou que não pensava ficar, mas que sua amiga, Myra Thompson - que morreu em seguida - inspirou que o fizesse.

"Tinha planos para fugir", contou Sheppard, com um sorriso. "Mas (Thompson) não parava de me vigiar".

Depois Roof entrou na igreja, uniu-se ao grupo e recebeu uma Bíblia e um panfleto. Quase uma hora depois, quando todos ficaram de pé para rezar com os olhos fechados, Sheppard ouviu os primeiros disparos.

Ela contou ter se escondido debaixo de uma mesa e, após vários tiros, viu as botas do assassino diante dela.

"Não atirei em você ainda?", perguntou-lhe Roof.

"Não", respondeu ela.

"Não vou fazê-lo. Preciso que conte a história", disse o jovem, segundo o relato da mulher.

Sheppard também contou ao júri como Roof executou Tywanza Sanders, que tinha 26 anos. "Por que faz isso? Não fizemos nada", disse Tywanza ao atacante.

"Alguém tinha que fazê-lo porque, sabe, os negros estão matando os brancos toda hora na rua e estão violentando as mulheres brancas", disse Roof. Esta declaração também foi gravada pelas câmeras de segurança.

A mãe de Tywanza, Felicia Sanders, deu um testemunho emocionado na semana passada sobre a cena, levando os presentes às lágrimas. Durante seu relato na corte, a mãe de Roof sofreu um infarto e foi levada para a emergência.

Em sua ligação para o 911, o número do serviço de emergências nos Estados Unidos, ouve-se Sheppard dizer: "Há muitos feridos, atirou no pastor, atirou em todos na igreja, por favor venham já".

A promotoria fechou o caso nesta quarta-feira e a defesa não chamou nenhuma testemunha. O advogado David Bruck já tinha dito que não questionaria os fatos, nem as testemunhas da promotoria.

No tribunal, Roof olhava para o estrado sem demonstrar emoção. Se for considerado culpado nesta etapa, o processo continuará com a avaliação da sentença. Nesta fase, o acusado decidiu representar a si mesmo.

Espera-se que o júri comece a deliberar sobre sua culpa nesta quinta-feira.

O massacre causou grande comoção na opinião pública nacional e internacional, em um momento em que os Estados Unidos estão mergulhados em uma série de episódios que deixam evidentes as tensões raciais do país.

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