(ALEX HALADA / Colaborador/Getty Images)
AFP
Publicado em 22 de novembro de 2021 às 06h50.
Última atualização em 22 de novembro de 2021 às 06h53.
A Áustria entrou oficialmente em confinamento à zero hora de segunda-feira, uma medida severa que desatou protestos no país no fim de semana, bem como na Bélgica e na Holanda, onde houve manifestações contra as restrições contra covid.
Viena parecia uma cidade fantasma, onde lojas, restaurantes, mercados natalinos, salas de concerto e salões de beleza baixaram as portas. Com exceção das escolas, a capital e o restante do país amanheceram em silêncio na segunda-feira.
Como em confinamentos anteriores, os 8,9 milhões de austríacos teoricamente estão proibidos de sair de casa, exceto para fazer compras, praticar esportes ou receber atendimento médico.
Também podem ir ao escritório e levar as crianças para a escola, mas as autoridades pediram à população para permanecer em casa.
O anúncio das medidas, feito na sexta-feira, devido a um repique dos casos de covid-19, repercutiu em outras partes da Europa, com grandes protestos em Holanda, e Bélgica, entre outros países.
A Holanda viveu no domingo sua terceira noite de protestos, com fogos de artifício e vandalismo nas cidades de Groningen e Leeuwarden, no norte, bem como em Enschede, no leste, e em Tilburg, no sul.
No entanto, os protestos foram menos intensos e violentos do que os que sacudiram Roterdã, na sexta-feira, e Haia, no sábado.
A polícia holandesa informou que 145 pessoas foram detidas depois de três dias de protestos.
O incômodo na Holanda surgiu pelas restrições que afetam especialmente os restaurantes, que devem fechar às 20h.
O governo holandês planejou proibir o acesso dos não vacinados a certos locais para conter a onda de contágios.
"As pessoas querem viver (...) Por isso estamos aqui", declarou à AFP Joost Eras, um dos organizadores das manifestações, que se distanciou da violência.
Na Áustria, o cenário parecia impensável semanas atrás, quando o ex-chanceler conservador Sebastian Kurz declarou o fim da pandemia diante da proliferação de vacinas.
Seu sucessor, Alexander Shallenberg, que assumiu o cargo em outubro, "não quis contradizer esta mensagem e por muito tempo manteve a ficção" de que tudo estava bem, comentou à AFP o cientista político Thomas Hofer.
Com o aumento dos contágios, que chegaram a níveis inéditos desde o início da pandemia, o governo austríaco começou a tomar medidas destinadas aos não vacinados, impedindo seu acesso a locais públicos.
A taxa de vacinação é "baixa demais", com 66% da população contra 75% na França, por exemplo, destacou o cientista político.
Além do confinamento, previsto para se estender até 13 de dezembro, a vacinação da população adulta será obrigatória em 1º de fevereiro de 2022, uma medida que poucos países do mundo adotaram.
"É um verdadeiro caos", disse Hofer, ao destacar "a ausência de uma estratégica clara do governo".
"Eu esperava que não chegássemos a isto, sobretudo agora que temos a vacina. É dramático", avaliou Andreas Schneider, economista belga de 31 anos, que trabalha em Viena.
A reação não demorou: na tarde de sábado, cerca de 40.000 pessoas foram às ruas de Viena aos gritos de "ditadura", convocadas pelo partido de extrema direita FPO.
Na cidade de Linz, ao norte, uma mobilização também reuniu milhares de manifestantes.
Em outras partes da Europa, além da Holanda, onde o número de contágios também aumenta, voltam as restrições e crescem as frustrações.
Em Bruxelas foram registrados confrontos neste domingo, quando dezenas de milhares de pessoas se reuniram para protestar contra as medidas destinadas aos não vacinados.
Também houve mobilizações contra a vacinação na Austrália, enquanto nas Antilhas francesas foram registrados protestos violentos contra a exigência do passe sanitário e a vacinação obrigatória do pessoal médico.
O departamento francês de Guadalupe, no Caribe, recebeu no domingo reforços policiais da França, depois das manifestações violentas contra a vacinação obrigatória.
Na Oceania, a Austrália anunciou que voltará a aceitar a entrada de estudantes e trabalhadores especializados do exterior a partir de dezembro, com a flexibilização de uma das restrições sanitárias mais severas do mundo.
Vinte meses depois do fechamento das fronteiras do país, algumas pessoas com vistos, além de cidadãos do Japão e da Coreia do Sul, poderão entrar no país a partir de 1º de dezembro.
A Nova Zelândia acabará em dezembro com o confinamento de três meses e meio na maior cidade do país, Auckland, ao adotar uma nova estratégia de controle do coronavírus, anunciou a primeira-ministra Jacinda Ardern.
A partir de 2 de dezembro, o país aplicará uma nova resposta à covid-19 para tentar conter a variante, mais do que tentar eliminá-la por completo.
"A dura realidade é que a delta está aqui e não vai embora", declarou a chefe de Governo.
"Nenhum país conseguiu eliminar a variante delta por completo, mas a Nova Zelândia está em melhor posição que a maioria para enfrentá-la", disse.