Incêndios na Austrália: australianos protestaram contra a passividade do governo do primeiro-ministro (Image/Dean Lewins/Reuters)
AFP
Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 09h25.
Última atualização em 18 de dezembro de 2019 às 09h26.
A Austrália viveu esta semana o dia mais quente de sua história desde o início dos registros, uma onda de calor que pode piorar ainda mais a grave situação provocada pelos incêndios florestais em todo o país.
Na terça-feira, a temperatura média na Austrália foi de 40,9 graus, superando o recorde anterior de 40,3 de janeiro de 2013, informou o serviço de meteorologia.
"A onda de calor se intensificará ainda mais nesta quarta-feira", disse a meteorologista Diana Eadie Said.
A onda de calor é um sinal das consequências da mudança climática na Austrália, onde os incêndios, comuns no verão, começaram este ano de forma precoce e muito intensa.
Nos últimos meses centenas de incêndios florestais foram declarados em todo o país, incluindo um "superincêndio" ao norte de Sydney, a maior cidade da Austrália.
A fumaça atingiu a cidade e elevou a poluição a um nível considerado uma emergência de saúde pelos médicos.
O fogo matou seis pessoas e destruiu 700 casas, além de ter devastado três milhões de hectares de terra em toda Austrália.
De acordo com os cientistas, o início precoce dos incêndios este ano e sua maior intensidade são explicados pela mudança climática, que prolongou a seca. Muitas cidades sofrem com a falta de água.
Os incêndios provocaram a indignação de muitos australianos, que protestaram contra a passividade do governo do primeiro-ministro conservador Scott Morrison na luta contra a mudança climática.
As temperaturas recordes desta semana começaram no oeste da Austrália, depois afetaram o centro árido do país e finalmente as zonas mais populosas da costa leste.
Em algumas partes do estado de Nova Gales do Sul, que tem Sydney como capital, a temperatura deve se aproximar de 45 graus na quinta-feira. Em Sydney o termômetro pode atingir 46 graus no sábado.
Ao mesmo tempo, fortes ventos de até 100 km/h estão previstos para a costa leste, o que pode agravar ainda mais os incêndios.
"Nos próximos dias os bombeiros, os serviços de emergência e todas as comunidades próximas aos incêndios enfrentarão uma nova ameaça", declarou Shane Fitzsimmons, coordenador da luta contra os incêndios em Nova Gales do Sul.
O vento pode transportar as brasas dos incêndios a até 30 quilômetros de distância, alertaram as autoridades.
Nesta quarta-feira, a polícia retirou os moradores de dezenas de casas da zona costeira de Peregian, perto da localidade turística de Noosa, na zona nordeste do estado de Queensland.
"As equipes de bombeiros e os hidroaviões estão trabalhando para conter os incêndios, mas talvez não possam proteger as propriedades", anunciaram as autoridades de Queensland.
Na semana passada, o primeiro-ministro Scott Morrison admitiu que a mudança climática é um dos "fatores" dos incêndios.
Ele defendeu a política de seu governo para reduzir as emissões e não anunciou novas medidas.
Os ativistas climáticos pretendem organizar uma manifestação diante da residência oficial em Sydney de Morrison, que está de férias fora do país.