Julian Assange: o ministro do Meio Ambiente, Tony Burke, disse que o governo australiano não tinha conseguido até esse momento estabelecer contato com o equatoriano (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2012 às 15h43.
Sydney - Representantes políticos, legais e grupos de defesa das liberdades pediram nesta sexta-feira que o governo da Austrália intervenha na disputa entre Londres e Quito em relação ao ativista Julian Assange, a quem o Equador concedeu asilo diplomático.
Além disso, um protesto foi realizado por um pequeno grupo de seguidores do fundador do Wikileaks em frente ao consulado britânico na cidade de Melbourne. Durante a manifestação os participantes exibiram cartazes com palavras de ordem como "Respeitem o asilo dado a Assange", uma decisão que foi elogiada pela Fundação de Sydney para a Paz.
O governo equatoriano outorgou nesta quinta-feira o asilo solicitado por Assange no dia 19 de junho na Embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou para evitar sua extradição a Suécia, onde é acusado por crimes sexuais. O ativista teme que as autoridades suecas o enviem para os Estados Unidos.
O Reino Unido se negou a permitir a saída de Assange do país alegando que é sua "obrigação" extraditá-lo para a Suécia para que seja julgado.
"O Equador entende a natureza da justiça, mas os governos do Reino Unido, da Suécia e dos EUA parecem supor que os problemas podem ser solucionados pela força, ao não dar garantias sobre a segurança de Assange" afirmou a Fundação em comunicado que, além disso, pergunta: "Terá o governo da Austrália coragem para agradecer ao Equador ou se colocará do lado dos grandes batalhões?"
Até o momento, o governo da Austrália mantém que a disputa diplomática entre o Reino Unido e o Equador é um assunto de responsabilidade dos dois países.
"O papel da Austrália permanece inalterado", informou a assessoria de imprensa do ministro de Relações Exteriores australiano, Bob Carr.
Em um aparente convite para mediar a crise diplomática, o advogado especializado em direitos humanos e membro da equipe que defende o ativista australiano, Geoffrey Robertson, disse que o governo da Austrália pode contribuir para resolver a disputa.
"Os equatorianos questionam os norte-americanos, os suecos e os britânicos, mas é óbvio que o país do qual o senhor Assange é cidadão não se manifestou", disse Robertson ao canal de televisão "ABC".
"Acho que é a oportunidade para a Austrália se manifestar por seu cidadão e ver se pode dar um jeito nesse caso", acrescentou o advogado.
Depois do anúncio feito na quinta-feira pelo governo equatoriano, o Partido Verde da Austrália afirmou que considerava a decisão de Quito como a proteção que o governo australiano não deu a seu cidadão.
"O que o governo equatoriano fez foi oferecer a Julian Assange a proteção que o governo australiano não lhe deu", afirmou o senador Scott Ludlam, porta-voz do Partido Verde na Câmara Alta.
Segundo Ludlam, a declaração do Equador foi de forma "inequívoca e detalhada condenatória para a Austrália".
A declaração do Equador "ressalta que as razões pelas quais o senhor Assange deu este passo radical em primeiro lugar e conseguiu, com bom resultado, pedir o favor das autoridades equatorianas, se deve ao fato de não confiar na boa vontade de seu país, em sua capacidade de defender seus direitos legais", especificou Ludlam.
O senador disse que após o anúncio feito pelo Equador o governo britânico deveria retirar a polícia dos arredores da embaixada e garantir a livre passagem de Assange em um veículo diplomático até o aeroporto de Heathrow.
Em um pronunciamento no Senado, o ministro das Relações Exteriores Bob Carr, disse que o governo realizou por meio de seu serviço consular um total de 62 gestões relacionadas a Assange.
"Nenhum australiano recebeu maior atenção que Assange em um espaço de tempo similar, em termo de representações consulares", garantiu o chefe da diplomacia australiana.
Já o ministro do Meio Ambiente, Tony Burke, disse que o governo australiano não tinha conseguido até esse momento estabelecer contato com o equatoriano sobre a disputa diplomática.
"Fizemos algumas ligações esta manhã, mas não podemos confirmar que tenhamos estabelecido contato", afirmou o ministro.