Grécia, em 2008: "Grécia e Portugal estarão classificados entre os países mais desiguais do mundo se não modificarem suas políticas", diz diretora do escritório europeu da Oxfam, Natalia Alonso (Milos Bicanski/Getty images)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2013 às 12h23.
Cerca de 25 milhões de europeus poderão cair na pobreza até 2025 se seus líderes mantiverem os atuais planos de austeridade, advertiu a Oxfam nesta quinta-feira, antes de uma reunião dos ministros das Finanças da UE.
"O modelo europeu agora é questionado diretamente por suas políticas de austeridade mal concebidas", ressalta em um relatório a ONG, orientada à luta contra a pobreza.
A diretora do escritório europeu da Oxfam, Natalia Alonso, questionou o retrocesso dos direitos, "os cortes radicais em seus orçamentos de segurança social, de saúde e educação, a redução dos direitos dos trabalhadores e uma tributação não equitativa", ingredientes aplicados nos últimos três anos de expurgos econômicos que, supunha-se, reequilibrariam as finanças públicas europeias.
"Em 2011 na UE 120 milhões de pessoas viviam na pobreza" e este "número pode aumentar entre 15 e 25 milhões se as medidas de austeridade continuarem", o que elevaria o número de pessoas ameaçadas pela pobreza a um quarto de sua população, indicou a ONG.
A Oxfam nega qualquer eficácia das medidas de "redução cega da dívida", que afetaram o crescimento e aumentaram a níveis recorde o desemprego, e cuja pertinência é debatida inclusive entre os que as propuseram.
Intitulado "A armadilha da austeridade", o relatório destaca um aumento das desigualdades em benefício dos "mais ricos da população, que são 10%".
Os países que, como Grécia e Portugal, têm um regime de austeridade em troca de uma injeção financeira da UE e do FMI, assim como Espanha e Reino Unido, "estarão classificados entre os países mais desiguais do mundo" se não modificarem suas políticas, segundo Alonso.
Citando as lições tiradas de experiências semelhantes de dano social vividas na América Latina e no sudeste asiático nos anos 1980 e 1990, a ONG convoca os "Estados membros da UE a defenderem um novo modelo econômico e social" baseado em uma tributação equitativa e em investimentos públicos nos serviços e na inovação.