O ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis: as exigências, diz o ministro, chegam a "mais de 2,0% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2016 e de 2,5%, ou até 3,0%, para os anos seguintes" (Yves Herman/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2015 às 12h29.
São Paulo - O ministro de Finanças da Grécia, Yannis Varoufakis, explicou nesta segunda-feira por qual motivo o governo grego e seus credores internacionais não chegam a um entendimento, depois de quatro meses de negociações arrastadas.
De acordo com artigo escrito por ele e publicado no site Project Syndicate, que reúne textos opinativos de autoridades e especialistas internacionais, os credores pedem mais do que a Grécia pode dar.
Como exemplo, o ministro citou o superávit primário (economia do governo para pagar juros da dívida). Segundo Varoufakis, os gregos estão dispostos a assumir o compromisso de manter níveis "razoáveis" de superávit primário, mas os credores exigem níveis "insustentáveis".
As exigências, diz o ministro, chegam a "mais de 2,0% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2016 e de 2,5%, ou até 3,0%, para os anos seguintes".
"Para conseguir isso, teríamos de aumentar a carga de impostos no setor privado, cortar pensões que já foram reduzidas e compensar as baixas receitas de privatizações (que são baixas devido aos ativos deprimidos) com medidas de consolidação orçamental equivalentes", escreveu.
"Isto impediria a recuperação, travaria o crescimento, pioraria o ciclo 'dívida-deflação', e, no final, corroeria a vontade e a capacidade de implementar as reformas que o país precisa tão desesperadamente", acrescentou.
No texto, Varoufakis reiterou o compromisso do governo em implementar as reformas econômicas exigidas pelos credores, que são o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE) e a União Europeia.
"Mais do que isso, somos os únicos com capacidade de manter o apoio da população a esse programa", acrescentou.
O ministro listou algumas das reformas com as quais o governo está comprometido: uma agência fiscal independente; superávits primários razoáveis para sempre; um programa de privatização sensato e ambicioso, combinado com uma agência de desenvolvimento que utilize bens públicos para criar fluxos de investimento; reformas de pensões genuínas que garantam sustentabilidade a longo prazo do sistema de segurança social; e a liberalização dos mercados de bens e serviços.
Para o ministro, o único motivo pelo qual a Grécia não conseguiu recuperar sua economia como Espanha, Irlanda, Portugal e Chipre têm feito nos últimos anos é que, desde a crise financeira de 2008, os gregos foram expostos "ao dobro" de austeridade.