Os procedimentos de Kan depois dos terremotos que assolaram o país criou impopularidade do premiê (Koichi Kamoshida/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2011 às 14h59.
Tóquio - A frágil trégua política no Japão pós-desastre terminou nesta quinta-feira, quando o líder do principal partido de oposição pediu ao impopular primeiro-ministro Naoto Kan que renuncie pela forma como lidou com as calamidades naturais e a crise nuclear no país.
Na usina nuclear danificada de Fukushima Daiichi, no nordeste japonês, os engenheiros lutam para encontrar uma nova maneira de resfriar um dos seis reatores afetados, e a Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão disse que agora é "altamente improvável" que haja um furo na unidade de supressão do reator.
Kan, cujo apoio popular está na casa de 30 por cento, havia buscado uma ampla coalizão para ajudar o país a se recuperar de seu pior desastre natural e aprovar leis para financiar o maior projeto de reconstrução do país desde a 2a Guerra Mundial.
O Partido Democrata, de Kan, controle a câmara baixa do parlamento, mas precisa da oposição para aprovar leis porque não detém a maioria na câmara alta, que pode bloquear os projetos.
Mas o chefe do maior partido de oposição, o Partido Liberal Democrática (LDP na sigla em inglês) -- que na semana passada descartou uma ação conjunta -- aumentou a pressão nesta quinta-feira para que Kan renuncie.
"Chegou a hora (de o primeiro-ministro) decidir se fica ou sai", disse Sadakazu Tanigaki em entrevista coletiva, segundo a agência de notícias Kyodo.
O comentário de Tanigaki reflete a visão de muitos de seu partido conservador de que Kan deve se retirar como pré-condição para qualquer coalizão, assim como uma esperança de que as críticas a Kan dentro de seu próprio Partido Democrata aumentem depois que Ichiro Ozawa, fiel da balança do PD, repreendeu o premiê pela sua condução da crise.
Takeo Nishioka, presidente da câmara alta e crítico notório de Kan entre os democratas, também exortou o líder de governo a renunciar, disse a Kyodo.
Kan, entretanto, que assumiu em junho como o quinto líder do Japão desde 2006, não deve sair facilmente, e os partidos de oposição podem se ver atacados se tentarem fazer chantagem política com o orçamento de emergência, dizem analistas.
"Kan provavelmente irá ignorar isso", afirmou Koichi Nakano, professor da Universidade de Sophia. "Se eles (críticos de Kan) pensassem no interesse nacional, fariam isso agora?".