Mundo

Áudio de assassinato de Khashoggi horrorizou oficial saudita, diz Erdogan

Os comentários do presidente turco foram feitos aos jornalistas que o acompanhavam em seu voo de volta de Paris na segunda-feira

"Os líderes ouvem as gravações de áudio, mas não respondem imediatamente sobre que fazer", disse o presidente turco (Osman Orsal/Reuters)

"Os líderes ouvem as gravações de áudio, mas não respondem imediatamente sobre que fazer", disse o presidente turco (Osman Orsal/Reuters)

E

EFE

Publicado em 13 de novembro de 2018 às 08h38.

Última atualização em 13 de novembro de 2018 às 08h40.

Istambul - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta terça-feira que um oficial de inteligência da Arábia Saudita ficou horrorizado ao ouvir a gravação de áudio que comprovaria que o jornalista saudita Jamal Khashoggi foi assassinado em 2 de outubro por agentes sauditas no consulado de seu país em Istambul.

"Quando ele ouviu (as gravações de voz), o agente da inteligência saudita se surpreendeu tanto que disse: 'parece que (o assassino) usou heroína, isto só pode ser feito por alguém que usou heroína'", afirmou o presidente turco em declarações divulgadas no jornal "Hürriyet".

Erdogan fez esses comentários aos jornalistas que o acompanhavam em seu voo de volta de Paris na segunda-feira, onde assistiu às comemorações do centenário do Dia do Armistício da Primeira Guerra Mundial.

O presidente turco informou que tinha discutido sobre o caso de Khashoggi durante o jantar na capital francesa com os chefes de Estado americano, Donald Trump, e francês, Emmanuel Macron, assim como com a chanceler alemã, Angela Merkel.

"Nossa organização de inteligência não escondeu nada. Permitimos que todos que quisessem ouvissem (as gravações), incluindo sauditas, Estados Unidos, França, Canadá, Alemanha e Reino Unido", afirmou Erdogan.

"Os líderes ouvem as gravações de áudio, mas não respondem imediatamente sobre que fazer. Fazem seus próprios registros e avaliações necessárias", disse Erdogan.

"Observei desconforto nos rostos do senhor Trump, do senhor Macron e da senhora Merkel. Nos EUA, o Congresso pediu informações à CIA. Acredito que o ponto de vista mudará quando forem apresentadas as suas conclusões", acrescentou Erdogan.

O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlüt Çavusoglu, afirmou ontem que em 24 de outubro o serviço de inteligência turco compartilhou com outros países as gravações de áudio do caso Khashoggi.

O Canadá afirmou ter ouvido as gravações, enquanto o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, negou que a Turquia tivesse compartilhado essa informação.

Por outro lado, o presidente turco criticou os funcionários de inteligência sauditas por tentarem atrapalhar as investigações e pediu mais uma vez que esclareçam quem deu a ordem de assassinar o repórter.

"O procurador-chefe (saudita) chegou e se reuniu com o procurador-chefe de Istambul. Ele veio com a intenção de dar desculpas impossíveis (para atrapalhar tudo)", afirmou Erdogan.

"Quem deu a ordem? (do assassinato) Os detidos por causa do assassinato deveriam falar. Eu disse ao senhor Trump que não havia necessidade de buscar os assassinos aqui e acolá. Os assassinos estão entre os 18 (detidos)", disse o presidente turco.

Acompanhe tudo sobre:Arábia SauditaAssassinatosEstados Unidos (EUA)JornalistasTurquia

Mais de Mundo

Biden e Xi Jinping se reúnem antes do temido retorno de Trump

Incêndio atinge hospital e mata 10 recém-nascidos na Índia

Irã nega encontro entre embaixador e Elon Musk

Tiro atinge avião da Southwest Airlines nos Estados Unidos