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Audiências em Guantánamo são retomadas nesta quinta

O atraso aconteceu por problemas na rede de internet da Base Naval da Baía de Guantánamo, e por isso a defesa solicitou o adiamento


	Como eixo central das denúncias da defesa está uma cláusula pela qual se assume que os acusados tiveram acesso à informação confidencial
 (Virginie Montet/AFP)

Como eixo central das denúncias da defesa está uma cláusula pela qual se assume que os acusados tiveram acesso à informação confidencial (Virginie Montet/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2012 às 21h00.

Washington - A comissão militar de Guantánamo que trata do caso contra os supostos responsáveis dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos atrasou em um dia as audiências de preparação do julgamento, de quarta para quinta-feira, com a tortura e as acusações de censura como principal argumento da defesa.

O atraso aconteceu por problemas na rede de internet da Base Naval da Baía de Guantánamo, e por isso a defesa solicitou o adiamento.

O juiz James L. Pohl, que preside a comissão militar de Guantánamo, aceitou o pedido, que reduz em um dia a duração da sessão prevista. Nestas novas audiências, que acontecerão quase 11 anos depois dos atentados, serão ouvidos os argumentos dos advogados do suposto autor intelectual, Khalid Sheikh Mohammed, e outros quatro cúmplices.

Como eixo central das denúncias da defesa está uma cláusula pela qual se assume que os acusados tiveram acesso à informação confidencial durante seus interrogatórios, o que pode afetar à segurança nacional dos EUA.

Devido a esta condição legal, os advogados da defesa não podem responder a perguntas sobre suas reuniões com os presos de Guantánamo e não estão autorizados a perguntar ou tratar sobre o tempo que pessoas como Sheikh Mohammed passaram em prisões clandestinas da CIA ou sobre seus ideais da Jihad.

O juiz James L. Pohl permitirá que vários grupos pró-direitos civis e meios de comunicação, autodenominados "Press Objectors", apresentem seus argumentos orais.


A advogada da União Americana de Liberdades Civis (ACLU) que representará este coletivo, Hina Shams, indicou que o pedido do governo dos EUA que "pode manter oculto do público os testemunhos dos acusados sobre suas torturas é legalmente insustentável e moralmente abominável".

"Se o governo mantém a censura sobre os testemunhos de tortura, as comissões certamente não serão vistas como legítimas", acrescentou em comunicado enviado à Agência Efe.

Os jornalistas e o público podem escutar os argumentos durante o julgamento, mas com um atraso de cerca de 40 segundos, para que as autoridades militares decidam se é informação sigilosa. Em caso positivo, o áudio é interrompido e o comentário será omitido.

Nas audiências prévias realizadas em maio, a defesa dos acusados de planejar os atentados de 11 de setembro de 2001 contra Washington e Nova York já havia denunciado que o tratamento desumano e as torturas desabilitavam o processo e não acreditava que pudesse acontecer um julgamento imparcial.

Na ocasião, tanto Khalid Sheikh Mohamed como os outros quatro acusados se negaram a responder as perguntas do juiz da comissão militar de Guantánamo, segundo os defensores, em protesto pelo tratamento que recebem na prisão.


A própria CIA reconheceu ter submetido Sheikh Mohammed ao "waterboarding", ou afogamento simulado, técnica de interrogatório classificada pelos EUA como tortura, assim como a tratamentos humilhantes e ameaças.

Os acusados passaram quase seis anos em Guantánamo e outros três anos em prisões clandestinas da CIA após sua captura na guerra contra o terrorismo islâmico do presidente George W. Bush.

As comissões militares criadas durante a Administração Bush para julgar os presos islâmicos de Guantánamo foram suspensas com a chegada de Barack Obama à Casa Branca, que esperava que os casos fossem tratados em tribunais federais, o que não aconteceu por causa das queixas da oposição republicana e das pressões de outros grupos.

Os cinco acusados, detidos na base naval da baía de Guantánamo junto com outros 169 presos, enfrentam a possibilidade da pena capital pela morte de 2.976 pessoas.

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