O presidente de Gana, John Atta, e Hu Jintao: China compra seu futuro na África: A economia ganesa também continuou em ascensão durante sua Presidência (Feng Li/Pool/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2012 às 20h03.
Acra - Com voz tranquila e discursos firmes, o presidente de Gana, John Atta Mills, que morreu nesta terça-feira em Acra após ter completado 68 anos no último sábado, conquistou a confiança de seu povo com gentileza e, principalmente, através da luta pela transparência e pela paz.
Em seus três anos e meio de mandato, o até então presidente ganês percorreu o país em várias ocasiões para comprovar a evolução de seus projetos de desenvolvimento rural, que conta com novas infraestruturas e escolas, uma de suas principais preocupações.
A economia ganesa também continuou em ascensão durante sua Presidência, embora no começo deste ano a moeda local (o cedi) começou a apresentar uma ligeira fragilidade.
John Atta Mills nasceu no dia 21 de julho de 1944, quando Gana, sob domínio colonial britânico, era reconhecida como Costa de Ouro. O nome de Gana só veio após a independência do Reino Unido, conquistada no dia 6 de março de 1957.
Professor de Direito na Universidade de Gana e casado com Ernestina Naadu, Atta Mills era tido como um homem de paz e, desta maneira, conduzia seus discursos, nos quais também sempre defendia a transparência em seu governo.
Em sua posse, no início de 2009, Mills prometeu não ser um partidário da política, mas um pai para o país, um dos estados mais estáveis e solventes do continente africano.
Mas, o caminho até se transformar em Chefe de Estado foi árduo e longo para Mills, um homem de centro-esquerda que só assumiu o poder após umas vencer uma disputada eleição no final de 2008.
No entanto, essa vitória de Mills só chegou em sua terceira tentativa, já que o político foi derrotado por John Agyekum Kufuor (na Presidência de Gana entre 2001 e 2009) tanto no pleito de 2000 como no de 2004.
Antes de chegar ao máximo cargo estadual, o também comandante-em-chefe das Forças Armadas de Gana já tinha sido vice-presidente entre janeiro de 1997 e 2001, no mandato de seu companheiro no Congresso Democrático Nacional (NDC, na sigla em inglês) Jerry John Rawlings.
Embora sempre tenha contado com o apoio de Rawlings em sua corrida presidencial, essa relação acabou se deteriorando, e Mills chegou a receber algumas críticas por parte de seu antigo colega.
De fato, o ex-presidente desafiou Mills na escolha da liderança do NDC no último ano e colocou sua esposa, Acalanto Konadu, para disputar a candidatura do partido com a intenção de ser candidata às eleições presidenciais e legislativas, previstas para o próximo 7 de dezembro.
No entanto, essa disputa não reservaria surpresas, já que Mills obteve 96% dos votos de seus companheiros de partido, o que distanciou ainda mais os líderes.
Em seu currículo, aparecem titulações na Universidade de Gana, na Escola de Ciências Econômicas e Ciência Política de Londres e um doutorado em Estudos Africanos pela Universidade de Londres.
Como especialista em direito e tributação, Mills foi comissário interino no Serviço Interno de Impostos de Gana entre 1986 e 1993.
O falecido presidente abandonou seu trabalho como funcionário somente para ocupar a Vice-Presidência em 1997.
Sua ''morte repentina'', anunciada pela Presidência ganesa ''com grande pesar no coração'', ocorre depois que o até então presidente realizasse uma série de exames no último mês, nos Estados Unidos. Nestes exames, o estado de saúde de Mills, que era pai de Sam Kofi, foi considerado normal e sob controle.
Até o momento, o governo ganês não detalhou as causas da morte, que aconteceu às 13h30 (horário de Brasília).