Em Nantes, cidade da França, milhares de pessoas se manifestaram após o ataque ao jornal Charlie Hebdo (Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2015 às 10h16.
Paris - Os atos islamofóbicos na França aumentaram 70% após o atentado terrorista há um mês contra a revista satírica "Charlie Hebdo", segundo um relatório publicado nesta quarta-feira pelo Coletivo contra a Islamofobia na França (CCIF).
Entre 7 de janeiro e 7 de fevereiro, foram registrados 153 atos islamofóbicos em território francês, dos quais 147 ocorreram após denúncias perante a polícia, precisou esse coletivo em comunicado.
Só em ataques contra mesquitas ou lugares de culto, foram contabilizados 33 casos nesse período, ou seja, mais que em todo ano de 2014.
"A situação desde os atentados não é mais do que o espelho aumentado do que ocorria antes. São registrados o mesmo tipo de atos, mas de forma mais violenta e mais frequente", disse o CCIF.
O aumento de atos antimuçulmanos no último mês é muito superior ao aumento de 10,6% entre 2013 e 2014, quando houve 764 casos islamofóbicos na França, sempre segundo essa organização.
O dado difere do que foi publicado recentemente pelo Observatório Nacional contra a Islamofobia, que engloba o Ministério do Interior e o Conselho Francês do Culto Muçulmano, que cifrou esse tipo de atos em 133 em 2014, uma queda de 41,1%.
Segundo o CCIF, essa diferença ocorre porque sua apuração leva em conta todos os atos antimuçulmanos, e não só aqueles que tenham sido denunciados perante as autoridades.
Concretamente, o cálculo do CCIF é fixado nos casos de islamofobia acusados por agentes públicos, como policiais ou professores, pois "71,6% das discriminações ocorrem nas instituições", o que indica que é um fenômeno "estrutural", denunciam.
O registro de atos islamofóbicos foi divulgado depois que o Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (CRIF) publicou no final de janeiro que em 2014 houve na França 851 atos antissemitas, mais do que o dobro que um ano antes.