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Ativistas vão à Durban para pedir acordo sobre o clima

Moradores de países já afetados pelo aquecimento global aproveitam a reunião para expor seus problemas

Beatrice Omweri, membro da associação Girl Guides and Girl Scouts, discursa em Durban (Alexander Joe/AFP)

Beatrice Omweri, membro da associação Girl Guides and Girl Scouts, discursa em Durban (Alexander Joe/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2011 às 15h44.

Durban, África do Sul - Vindos de Amazônia, Quênia, Nepal e Ilhas Kiribati, ativistas ambientais presentes em Durban, onde a ONU realiza sua cúpula climática, disseram à AFP que vieram até a África do Sul para que "suas vozes sejam ouvidas" nas discussões sobre o clima.

As mudanças climáticas "chegaram a mim": Beatrice Omweri, 26 anos, vive em Nairóbi (Quênia).

"Se você tivesse me perguntado antes, eu te responderia não saber nada sobre mudanças climáticas. Mas elas chegaram até mim. No ano passado, a prefeitura de Nairóbi começou a racionar água e no meu bairro temos água corrente apenas uma vez por semana. Eu sou voluntária em um laboratório. No dia que a água chega, na quinta-feira, sei que preciso voltar para casa para ajudar minha mãe, tem muitas coisas para encher. No dia em que a água não chega, precisamos ir a pé até os bairros vizinhos. Os delegados aqui presentes precisam chegar a um acordo. A conferência acontece na África e nós, os africanos, esperamos de verdade que ela traga alguma coisa boa. É preciso que eles façam alguma coisa antes que seja tarde demais".

"Nós somos os primeiros afetados": Claire Anterea, 33 anos, vive em Tarawa nas Ilhas Kiribati.

"Nosso país possui 33 ilhas, todas apenas 2 ou 3 metros acima do nível do mar. A mudança climática começa a nos afetar. Por exemplo, nós pegamos água doce do subsolo, as pessoas bebem água de poço. A água começa a ficar salobra (por causa do aumento do nível do mar que atinge os aquíferos) e não temos outra fonte. Mas a maioria das pessoas não compreende o que está acontecendo. A maioria não tem acesso à eletricidade, internet, rádio ou televisão. Está isolada. É a terceira vez que eu venho a uma conferência sobre o clima porque quero que minha voz seja escutada pelos países que contribuem com as emissãoões (de gases do efeito estufa). Meu país contribui apenas com 0,6%, mas nós somos os primeiros afetados".

"Eles não respeitam as vontades da Mãe Terra": Marlon Santi Gualinga, 38 anos, vive em Sayaraku, na Amazônia equatoriana.

"Nós vemos o que está acontecendo na floresta. O clima não é mais o mesmo que era antes. Até as estações mudaram. Por exemplo, em outubro, antes era verão e agora chove. E quando antes era inverno, agora faz muito sol. Há dois anos constatamos que o nível da água diminui nos lagos. Em Copenhague (reunião de 2009 sobre o clima), descobri as mudanças climáticas e informei minha comunidade. Mas ainda não sabemos como nos adaptar, e isso preocupa. Aqui é difícil se fazer escutar, eles fazem acordos sem respeitar a vontade da Mãe Terra".

"Consequências para a nossa geração": Abhishek Shrestha, 25 anos, vive em Katmandu (Nepal)

"O Nepal é um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas. Com consequências para o setor agrícola e também para o turismo, a neve atrai uma renda importante. As montanhas do Nepal fornecem água para 1,3 milhão de pessoas na Ásia. As mudanças climáticas são desastrosas. Eu e outros jovens da minha geração começamos a trabalhar no assunto e tentamos alertar todo o país. Viemos para estas negociações internacionais porque precisamos ser escutados globalmente. As mudanças climáticas terão consequências para a nossa geração, precisamos trabalhar com todos os movimentos de jovens, pois estamos todos envolvidos".

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