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Atirador do Texas foi motivado por problema familiar, diz polícia

"Havia uma desavença naquela família", disse o chefe da polícia local, que acrescentou que a sogra de Kelley frequentava a igreja onde o ataque ocorreu

Massacre no Texas: o ataque "não teve motivação racial e também não está ligado a crenças religiosas" (Rick Wilking/Reuters)

Massacre no Texas: o ataque "não teve motivação racial e também não está ligado a crenças religiosas" (Rick Wilking/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de novembro de 2017 às 15h47.

Última atualização em 6 de novembro de 2017 às 21h15.

Washington - O atirador que matou 26 pessoas em uma igreja no Texas no último domingo parece ter sido motivado por problemas familiares, segundo investigadores responsáveis pelo caso.

A congregação escolhida por ele é frequentada pelos pais de sua mulher, cuja avó está entre os que foram atingidos de maneira fatal.

Metade dos mortos era composta por crianças, com a mais nova tendo apenas 17 meses. Esse foi o maior número de vítimas menores de idade em ataques a tiros desde o massacre na escola primária Sandy Hook, em 2012, quando 20 alunos de seis e sete anos de idade foram assassinados.

Entre os mortos, também havia uma mulher grávida, Crystal Holcombe, assassinada junto com três de seus cinco filhos. Outros quatro membros de sua família também foram mortos: seu genro Bryan Holcombe, sua mulher, Karla Holcombe, o filho de 36 anos do casal, Marc Daniel, e sua filha de um ano de idade, Noah Holcombe.

O ataque ocorreu em Sutherland Springs, uma comunidade rural do Texas com pouco mais de 600 habitantes. O número de mortos representa cerca de 4% da população local e mais da metade dos fiéis da Primeira Igreja Batista.

"Nossa igreja não era formada apenas por membros e paroquianos. Nós éramos uma família muito unida", disse a mulher do pastor da congregação, Sherri Pomeroy. "Agora, a maioria da nossa família na igreja se foi."

Sua filha de 14 anos, Annabelle Pomeroy, está entre os que não voltarão a participar dos cultos da igreja. Sherri e seu marido, Frank Pomeroy, estavam viajando quando o ataque aconteceu.

O autor dos disparos, Devin Patrick Kelley, tinha um histórico de violência doméstica que levou à sua condenação a um ano de prisão em 2012, quando ele estava na Força Aérea.

Kelley agrediu sua primeira mulher e fraturou o crânio de seu enteado. Dois anos mais tarde, ele foi expulso da corporação por mau comportamento. Divorciado, ele se casou de novo, mas teve problemas de relacionamento com a segunda mulher, Danielle Shields.

"Havia uma situação doméstica com a família e os sogros", disse Freeman Martin, do Departamento de Segurança Pública do Texas. "Isso não foi motivado por questão racial. Isso não teve relação com crenças religiosas."

Quando o casal ainda namorava, a polícia foi chamada por um amigo de Danielle, para o qual ela disse ser vítima de agressões de Kelley.

O caso acabou abandonado quando a família disse aos oficiais que não havia problemas. Ambos se casaram dois meses mais tarde.

O cientista político da Universidade Estadual de Nova York em Cortland, Robert Spitzer, disse que estudos indicam a existência de correlação entre históricos de violência doméstica e ataques a tiros.

"Mais investigações precisam ser feitas, mas parece haver uma clara conexão entre ambos", comentou.

Em 54% dos casos ocorridos entre 2009 e 2016, o autor do crime tinha antecedentes de agressões familiares, mostrou estudo da entidade Everytown for Gun Safety, que defende controles na comercialização de armas.

Kelley usou um fuzil de estilo militar, parecido com o AR-15. Outras três armas foram encontradas em seu carro. A polícia disse que ainda não sabe se as armas foram adquiridas legalmente.

Segundo os investigadores, Kelley seria proibido de comprar armas se tivesse sido dispensado com desonra da Força Aérea, mas tudo indica que isso não ocorreu - ele foi expulso por mau comportamento.

O governador do Texas, o republicano Greg Abbott, afirmou que Kelley não poderia ter tido acesso a armas. O pedido do atirador para ter autorização para porte de armas foi negado pelo Estado, mas isso não impediria a compra dos armamentos, realizadas entre 2014 de 2017.

Martin, do Departamento de Segurança Pública, disse que Kelley telefonou para o pai antes de aparentemente cometer suicídio. "Ele usou um celular para dizer a ele que não acreditava que iria sobreviver."

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