Abdulgadir Masharipov foi preso em uma operação policial na segunda-feira em Esenyurt, um subúrbio nos arredores de Istambul (Agência Dogan/AFP)
Reuters
Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 09h33.
Istambul - Um cidadão do Uzbequistão que matou 39 pessoas em uma boate de Istambul durante a noite de Ano Novo disse à polícia que teve de mudar de alvo no último minuto para escapar de um reforço na segurança local, e que agiu sob ordens diretas do Estado Islâmico na Síria, informou um jornal nesta quarta-feira.
O atirador, cujas autoridades identificaram na terça-feira como Abdulgadir Masharipov, havia inicialmente recebido ordens para atacar a área ao redor da praça Taksim, no centro da cidade, e disse que suas instruções vieram de Raqqa, um bastião sírio do Estado Islâmico, de acordo com o jornal Hurriyet, citando declarações feitas à polícia.
"Eu fui para a Taksim na noite de Ano Novo, mas as medidas de segurança eram intensas. Não foi possível realizar o ataque", disse ele, segundo a reportagem.
"Eu recebi instruções de buscar um novo alvo na área. Eu dei uma volta no litoral por volta de 22h, em um táxi", disse ele, referindo-se à região à margem do Bósforo, onde a boate Reina está localizada. "A Reina parecia adequada para o ataque. Não parecia haver muitas medidas de segurança."
O Hurriyet não disse como obteve as declarações de Masharipov, e a Reuters não foi capaz de verificar imediatamente a reportagem.
Masharipov foi preso em uma operação policial na segunda-feira em Esenyurt, um subúrbio nos arredores de Istambul, após uma caçada que já durava duas semanas. Ele foi capturado junto a um homem iraquiano e três mulheres africanas, uma delas do Egito.
Ele invadiu a boate em 1º de janeiro usando um fuzil automático, abriu fogo contra pessoas que festejavam a virada do ano e usou também granadas para que pudesse recarregar e disparar novamente, inclusive sobre os feridos no chão.
O Estado Islâmico reivindicou responsabilidade no dia seguinte, dizendo que o ataque foi uma vingança pelo envolvimento militar turco na Síria. Tropas turcas entraram no país vizinho no fim de agosto para afastar o Estado Islâmico de suas fronteiras e conter avanços da milícia curda.
O governador de Istambul, Vasip Sahin, disse na terça-feira que Masharipov havia confessado o crime e que suas digitais eram compatíveis com as encontradas na cena. Sahin o descreveu com um homem bem educado, capaz de falar quatro línguas, e disse que ele recebeu treinamento no Afeganistão.