Esteban Santiago: criminoso, que viajou do Alasca com uma passagem só de ida, disse aos investigadores que havia planejado o ataque (Reprodução/Reuters)
AFP
Publicado em 9 de janeiro de 2017 às 12h56.
O veterano da guerra no Iraque Esteban Santiago deve comparecer nesta segunda-feira pela primeira vez a um tribunal americano pelo ataque no aeroporto da Flórida que deixou cinco mortos e seis feridos na sexta-feira, que pode levá-lo à pena de morte.
Santiago fará sua primeira aparição às 11h00 locais (14h00 de Brasília) ante a juíza federal Alicia Valle em Fort Lauderdale, disse o Departamento de Justiça.
Santiago, de 26 anos, voou do Alasca a Fort Lauderdale e, na área de recolhimento de bagagens do aeroporto, recuperou sua arma 9 milímetros e as munições que havia declarado e guardado em sua mala registrada.
Santiago, que já havia mostrado sinais de "conduta errática", abriu fogo neste aeroporto muito movimentado até ficar sem balas. Depois deitou no chão e pacificamente se entregou quando os policiais se aproximaram, de acordo com as autoridades.
As imagens divulgadas no domingo pelo site TMZ mostram Santiago, vestido com uma camisa azul, caminhando tranquila, mas rapidamente pelo terminal perto das esteiras de malas.
Depois de passar por algumas pessoas, pega com agilidade e com a mão direita a pistola que estava escondida na cintura.
Dispara imediatamente duas vezes contra alvos que não aparecem na imagem, sem deixar de caminhar, e depois começa a correr.
Uma pessoa aparentemente ferida entra no campo na câmera e volta a sair. O choque se apodera de todas as pessoas que estão ao redor, que levam alguns segundos para perceber o que está acontecendo. Uma mulher se refugia atrás de um carrinho de bagagens, enquanto outras se jogam no chão.
O TMZ não disse como obteve o vídeo e divulgou apenas 20 segundos das gravações, que mostram os momentos anteriores ao ataque e os primeiros disparos.
O criminoso, que viajou do Alasca com uma passagem só de ida, disse aos investigadores que havia planejado o ataque.
Disparou entre 10 e 15 vezes de maneira metódica enquanto "apontava para a cabeça de suas vítimas", disse o agente do FBI Michael Ferlazzo, segundo os documentos da corte.
O agente do FBI George Piro disse que as autoridades estavam investigando os motivos do ataque. "Seguimos examinando o ângulo terrorista como potencial motivação do ataque", disse.
Ex-membro da Guarda Nacional em Porto Rico e Alasca, Santiago serviu no Iraque entre abril de 2010 e fevereiro de 2011. Terminou suas funções militares em agosto.
No dia 7 de novembro, se dirigiu ao escritório do FBI em Anchorage (Alasca), onde disse que a CIA controlava sua mente ao obrigá-lo a assistir a vídeos do grupo extremista Estado Islâmico, disseram as autoridades.
Esta "conduta errática" levou os agentes a contactar a polícia local, que o levou a uma instalação médica para um exame de seu estado mental, disse Piro.
Segundo vários testemunhos, incluindo o de seu irmão e de sua tia, Santiago sofria de problemas mentais.
Dois dos feridos continuam em cuidados intensivos, enquanto os outros quatro receberam alta ou se recuperam no hospital, disse o xerife do condado de Broward, Scott Israel, à CNN.
As autoridades não identificaram nenhuma das vítimas, mas três nomes que aparecem nos relatos da imprensa se preparavam para embarcar em cruzeiros.
"Uma das senhoras que morreu estava sentada ao meu lado no avião e esteve ao meu lado quando buscamos nossas malas na esteira", disse à rede local WSVN uma testemunha visivelmente comovida.
"Os tiros começaram. Joguei-me no chão e quando virei ela estava morta com um tiro na cabeça", relatou entre lágrimas.