Também neste domingo, 14 pessoas, civis e militares, morreram na explosão de um carro-bomba diante de um banco de Mossul, norte do Iraque (Saad Shalash/Reuters)
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2013 às 11h54.
Pelo menos 52 pessoas morreram neste domingo no Iraque em uma série de atentados com carros-bomba e ataques, o que eleva o número de vítimas a mais de 640 em um mês de outubro particularmente violento.
Trinta pessoas morreram em Bagdá e sua periferia, em áreas de maioria xiita, nas explosões de nove carros-bomba. Quatorze faleceram em um ataque contra um banco de Mossul e oito em outras ações violentas.
As explosões em Bagdá, que aconteceram em oito pontos da capital iraquiana e seus arredores, deixaram mais de 90 feridos.
O atentado mais violento aconteceu em uma área comercial da zona norte de Bagdá, no bairro de Shaab, onde cinco pessoas morreram e 17 ficaram feridas nas explosões de dois carros-bombas.
As outras explosões aconteceram nos bairros de Bayaa, Baladiyat, Mashtal, Hurriyah e Dura, na capital. Também foram registrados ataques em Saba al-Bur e Nahrawan, perto de Bagdá.
O ataque em Mashtal teve como alvo um ponto de ônibus. Nos bairros de Bayaa, Dura e Saba al-Bur os alvos eram zonas comerciais.
Para limitar o risco de atentados com carro-bomba, as autoridades iraquianas passaram a aplicar no mês passado um sistema pelo qual os moradores só podem dirigir um veículo de dois em dois dias, mas a medida não conseguiu conter a espiral de violência.
Também neste domingo, 14 pessoas, civis e militares, morreram na explosão de um carro-bomba diante de um banco de Mossul, norte do Iraque.
A explosão aconteceu quando soldados iraquianos estavam em fila para receber os salários. Vinte pessoas ficaram feridas no atentado.
Na mesma cidade, um carro-bomba explodiu perto de um posto militar. O ataque matou uma mulher e deixou oito feridos.
Homens armados mataram dois civis xiitas na região de Muqdadiyah, ao nordeste da cidade de Baaquba.
Escalada da violência
Escalada da violência
A violência no Iraque retornou a níveis que não eram observados desde 2008, o que aumenta o temor da volta do conflito sectário entre sunitas e xiitas de 2006 e 2007, que provocou milhares de mortes.
Apenas no mês de outubro morreram mais de 640 pessoas. Desde janeiro, mais de 5.300 mortes foram registradas em ataques, segundo um balanço da AFP com base em fontes médicas e dos serviços de segurança.
O aumento da violência acontece em meio ao descontentamento da minoria sunita, que estava no poder na época de Saddam Hussein, com o atual governo dominado pelos xiitas.
O governo é acusado de ordenar prisões arbitrárias.
O nível de violência aumentou consideravelmente desde que as forças de segurança atuaram no fim de abril contra uma manifestação de sunitas, que protestavam desde o início do ano contra o governo.
A intervenção provocou uma explosão de confrontos entre manifestantes e as forças de segurança, com um balanço de mais de 200 mortos em poucos dias.
Desde então, as autoridades fizeram algumas concessões para acalmar os protestos e os sunitas em geral, como libertar prisioneiros e aumentar os salários dos integrantes das milícias que combatem a Al-Qaeda.
Mas muitos sunitas ainda acusam o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki de centralizar o poder e marginalizar a minoria. Ao mesmo tempo, a corrupção continua generalizada e persistem problemas básicos como o fornecimento ineficiente de água e de energia elétrica.
A ONU e vários diplomatas pediram ao chefe de Governo a aprovação de reformas para evitar que os sunitas se vejam tentados a aderir a grupos extremistas.
Segundo um estudo recente de pesquisadores americanos, canadenses e iraquianos, quase 500.000 pessoas morreram de forma violenta desde que os Estados Unidos invadiram o país em 2003.