72 pessoas ficaram feridas após um terrorista suicida detonar seu cinto de explosivos perto de um local onde havia distribuição de comida e bebida a fiéis (Khalil al-Murshidi/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2014 às 13h44.
Bagdá - A comunidade xiita do Iraque foi nesta quinta-feira alvo de uma onda de atentados que causou a morte de pelo menos 59 pessoas e aumentou a tensão entre xiitas e sunitas no país, imerso em uma grave crise política desde dezembro do ano passado.
O ataque mais sangrento teve como alvo um grupo de peregrinos que seguia rumo ao santuário xiita de Karbala para celebrar a festividade do Arbain, que marca o fim dos 40 dias de luto pela morte do imame Hussein, neto de Maomé e venerado pelo xiismo.
Pelo menos 36 pessoas morreram e 72 ficaram feridas após um terrorista suicida detonar seu cinto de explosivos perto de um local onde havia distribuição de comida e bebida aos fiéis, na região de Al Batha, a oeste da cidade de Al Nassiriya, informaram à Agência Efe fontes policiais.
Este atentado aconteceu apenas poucas horas depois de a explosão consecutiva de dois carros-bomba ter causado a morte de pelo menos 15 pessoas e ferimentos a outras 31 no bairro majoritariamente xiita de Kazamiya, no norte de Bagdá.
Um primeiro carro-bomba explodiu na praça de Al Oruba, nesse bairro, e pouco depois um segundo veículo foi detonado na praça de Al Zahra. As explosões provocaram também grandes danos materiais nos carros estacionados nos arredores e em edifícios próximos.
O incidente em Kazamiya não é o único ocorrido hoje na capital iraquiana, onde oito pessoas morreram e 37 ficaram feridas em outras duas explosões no bairro de Cidade de Sadr.
Dois artefatos explosivos foram detonados junto a uma concentração de pessoas nesta região do leste de Bagdá, segundo a polícia, que informou que o estado de saúde de muitos feridos é grave. Cidade de Sadr, assim como Al Kazamiya, é um bairro habitado principalmente por xiitas, que representam a maioria da população no Iraque.
Os atentados de hoje aconteceram em um contexto de grave crise política entre os líderes das comunidades xiita e sunita, que começou depois da saída das tropas dos EUA do Iraque.
A ordem de detenção expedida em dezembro contra o vice-presidente sunita Tarek al Hashemi por sua suposta ligação com o terrorismo despertou o conflito, agravado no último dia 26 por uma série de atentados contra xiitas que deixaram mais de 63 mortos.
Hashemi pertence ao bloco político Al Iraqiya, uma coalizão laica formada tanto por xiitas como por sunitas que tem oito ministros no Executivo e decidiu boicotar as sessões do parlamento e do governo.
Os EUA temem que a ordem de detenção faça parte de uma estratégia do partido do primeiro-ministro Nouri al Maliki, o Estado de Direito, para excluir a minoria sunita do Executivo, e se preocupa perante a possibilidade de que Bagdá se alie com a teocracia xiita que governa Teerã.