Mundo

Atentados ameaçam setor de turismo na França

A chegada de turistas na França em voos regulares registrava baixa de 5,8% desde janeiro


	Turismo: a chegada de turistas na França em voos regulares registrava baixa de 5,8% desde janeiro
 (Reuters/Eric Gaillard)

Turismo: a chegada de turistas na França em voos regulares registrava baixa de 5,8% desde janeiro (Reuters/Eric Gaillard)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2016 às 16h24.

Os atentados de 2015 provocaram uma forte queda turismo em Paris e o da semana passada, em Nice, ameaça agora afetar toda a França, beneficiando outros destinos como Espanha e Portugal, apontam analistas.

A chegada de turistas na França em voos regulares registrava baixa de 5,8% desde janeiro, com um forte contraste entre Paris, onde o retrocesso foi de 11%, e das cidades de província, onde estava em alta de 1%, segundo dado divulgados pelo ministério das Relações Exteriores na véspera do atentado que em 14 de julho custou a vida de 84 pessoas na principal cidade da Costa Azul.

O temor de atentados, em particular no Japão, com uma queda de 50% na chegada de visitantes desse país aos aeroportos de Paris entre janeiro e abril, indicou o Comitê Regional do Turismo.

Os turistas começaram a desertar da capital depois dos atentados de janeiro de 2015 contra o jornal satírico Charlie Hebdo e contra um supermercado kosher e dos de novembro contra a casa de shows Le Bataclan, cafés e restaurantes, assim como nas imediações do Stade de France.

"As províncias atualmente são duramente afetadas. Já não é só Paris, mas toda a França que enfrentará um período complicado, imersa na incerteza e exposta à concorrência de outros destinos" que não foram alvo de atentados, afirmou Philippe Gauguier, da consultoria In Extenso.

A Espanha (terceiro destino turístico mundial atrás da França e Estados Unidos), assim como Portugal estão bem posicionados para ganhar dinheiro com a busca de alternativas pacíficas para uma pausa ou para férias.

O sindicato patronal do setor, Exceltur, afirmou que o faturamento do setor pode chegar neste verão do hemisfério norte a um novo recorde. A chegada de turistas começa a criar reações de saturação em lugares muito frequentados, como a ilha de Mallorca, de um milhão de habitantes, que poderá receber até dez milhões de visitantes.

O impacto do atentado de Nice é sentido em toda a Costa Azul, com "cancelamentos tanto de clientes franceses como de estrangeiros", afirmou Philippe Gauguier.

Cancelamentos e partidas antecipadas

Esses cancelamentos "podem representar atualmente até 20% da demanda ou até mais em hotéis de luxo, e de 40% em outros estabelecimento", revelou o especialista.

O fenômeno também se intensificou em Paris.

"O telefone não para de tocar desde sexta-feira para cancelar reservas de julho, agosto e setembro (...), sobretudo de clientes americanos", afirmou François Delahaye, diretor-geral do hotel de luxo Plaza Athénée.

"Além disso, enfrentamos adiantamentos das datas de partida, por um equivalente de 66.000 euros até 15 de julho", acrescentou.

Segundo o executivo, as pessoas "têm medo de ir para a França, e não só para Paris, e isso vai durar pelo menos um ano".

Delahaye prevê que seu hotel terá nesse ano "uma taxa de ocupação 50% a 60%, em relação aos 70% a 80% nos últimos anos".

Há quem acredite, entretanto, que a França continuará sendo um destino atraente, e pede-se que o governo lance "rapidamente uma nova campanha de comunicação, para tranquilizar os turistas", indica Hervé Becam, vice-presidente da Umih, principal organização do setor.

Acompanhe tudo sobre:Ataques terroristasAtentados em ParisEuropaFrançaPaíses ricosTerrorismoTurismo

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru