Líbia: até o momento nenhum grupo terrorista assumiu a autoria do ataque (REUTERS/Stringer/Reuters)
EFE
Publicado em 2 de maio de 2018 às 09h12.
Última atualização em 2 de maio de 2018 às 10h58.
Trípoli - Ao menos 13 pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas nesta quarta-feira em um atentado supostamente suicida cometido na sede da Comissão Eleitoral em Trípoli, a capital da Líbia, conforme revelaram à Agência Efe fontes médicas.
Anteriormente, o porta-voz da comissão, Khaled Omar, chegou a informar que, no ataque, que aconteceu no começo da manhã, morreram pelo menos três integrantes da equipe que preparava as próximas eleições legislativas e presidenciais e quatro agentes de segurança que faziam guarda no edifício.
Segundo testemunhas, o atentado aconteceu durante uma tentativa de invasão do edifício por parte de um grupo armado, que provocou um enorme incêndio.
"Os guardas de segurança posicionados na entrada trocaram tiros com os agressores e o tiroteio durou vários minutos. Aconteceu uma forte explosão no meio do ataque", explicou uma testemunha que preferiu não ser identificada.
A sede foi esvaziada com rapidez e as forças de segurança perseguiram os agressores pelas ruas, acrescentou Omar, sem revelar mais detalhes sobre o destino dos mesmos.
Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, o primeiro desta natureza que acontece em meses na capital líbia e que ocorre apenas dois dias depois que a comunidade internacional apoiou o processo promovido pelo enviado especial da ONU à Líbia, o libanês Ghassem Saleme.
A Comissão Eleitoral da Líbia é um corpo formado pela ONU que tem como principal função registrar os líbios que desejam votar nas próximas eleições presidenciais e legislativas, para as quais ainda não há uma data concreta.
O processo faz parte de um novo plano de paz e reconciliação lançado pelo próprio Saleme, depois que ele foi designado para o cargo em setembro de 2017, e que ele pretende levar em frente este ano apesar da situação de insegurança que o país vive.
Especialistas locais e analistas internacionais acreditam, no entanto, que não é possível realizar as eleições no curto prazo e duvidam de sua efetividade ao lembrar que, em 2014, com uma situação de segurança mais propicia, apenas 630 mil pessoas votaram, o equivalente a 10% da população líbia.
Aquelas eleições deixaram a Líbia na divisão política e no caos que vive hoje, já que o então governo islamita em Trípoli não reconheceu o novo parlamento, que foi obrigado a se instalar na cidade de Tobruk, no leste do país.
Em setembro de 2015, e após um processo de diálogo fracassado, a ONU forçou um pacto e criou o chamado governo de acordo nacional, que desde abril de 2016 está estabelecido na capital, mas que praticamente não tem apoio no resto do país.
Na atualidade, o homem forte é o marechal Khalifa Hafter, um ex-integrante da cúpula que levou ao poder Muammar Kadafi, o ditador derrubado em 2011, pois controla o parlamento em Tobruk e os principais recursos petrolíferos.
Hafter, que nos anos 1980 foi recrutado pela CIA e levado para os Estados Unidos, onde foi o principal opositor de Kadafi no exílio até 2011, disse em janeiro à revista "Jeune Afrique" que "a Líbia não está madura para as eleições".
Além da divisão política, o país também sofre com a presença de vários grupos jihadistas e com a atividade de grupos de contrabandistas de pessoas, armas e combustível.