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Atentado no Cairo após medida repressiva contra islamitas

Este é o primeiro atentado que atinge unicamente civis desde que os militares derrubaram em julho o presidente islamita Mohamed Mursi


	Abdel Fattah al-Sisi: o comandante do exército e homem forte do país reagiu ao ataque com promessa de "eliminar" terroristas e recuperar a "estabilidade"
 (REUTERS/Ministry of Defense/Handout via Reuters)

Abdel Fattah al-Sisi: o comandante do exército e homem forte do país reagiu ao ataque com promessa de "eliminar" terroristas e recuperar a "estabilidade" (REUTERS/Ministry of Defense/Handout via Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2013 às 17h09.

Uma bomba explodiu nesta quinta-feira perto de um ônibus no Cairo, ferindo cinco pessoas, e outra foi desativada, um dia após o governo declarar a Irmandade Muçulmana como uma "organização terrorista".

O general Abdel Fatah al Sisi, comandante do exército e homem forte do país, reagiu ao ataque com a promessa de "eliminar" os terroristas e recuperar a "estabilidade".

Este é o primeiro atentado que atinge unicamente civis desde que os militares derrubaram em julho o presidente islamita Mohamed Mursi, membro da Irmandade Muçulmana. No entanto, é possível que a bomba tenha explodido antes da hora.

Desde a deposição e detenção de Mursi, o Egito entrou em uma espiral de violência. As autoridades reprimem a ferro e fogo os islamitas e alguns deles, os mais radicais, cometem ataques que já mataram mais de uma centena de policiais e soldados.

Os vidros do ônibus explodiram quando uma bomba colocada à beira da estrada no Cairo foi detonada, ferindo levemente cinco pessoas, segundo autoridades dos serviços de segurança e de saúde.

Um general da polícia, Mohamed Gamal, mostrou uma segunda bomba de fabricação caseira, desativada. Explicou que ela havia sido colocada em um painel publicitário próximo e deveria explodir na chegada das forças de segurança ao local, após uma primeira explosão.

"Seria detonada à distância", informou à AFP o porta-voz do ministério do Interior, Hany Abdel Latif, convencido de que o ataque tenta "aterrorizar o povo antes do referendo" constitucional previsto para 14 e 15 de janeiro.

Na madrugada de terça-feira, um terrorista suicida lançou um carro contra o quartel-general da polícia em Mansura, a uma centena de quilômetros do Cairo, matando 15 pessoas, 14 delas policiais.


Um movimento jihadista baseado no Sinai e próximo à Al-Qaeda reivindicou o ataque, que foi condenado duramente pela Irmandade Muçulmana.

Mas, ainda assim, os habitantes criticaram a confraria, demonstrando sua ira, inclusive nesta quinta-feira. Fadia, de 40 anos, discursava para a multidão no local do atentado, chamando os membros da Irmandade Muçulmana de cachorros.

Um dia após o atentado de Mansura, o governo acusou o movimento islamita criado em 1928 no Egito de estar por trás do atentado e o declarou uma "organização terrorista".

Como consequência disso, centenas de milhares de membros do grupo podem ser submetidos a uma lei antiterorrista promulgada em 1992.

Manifestações e jornal proibidos

Também não poderão participar de manifestações, sob pena de uma condenação a cinco anos de prisão. Isto é significativo, já que a Irmandade Muçulmana participa diariamente de marchas para pedir o retorno ao poder de Mursi. Um de seus líderes pediu na quarta-feira que prossigam com a mobilização.

Além disso, o jornal do grupo, "Liberdade e Justiça", passa a ser definitivamente ilegal, assim como o partido de mesmo nome, que venceu todas as eleições organizadas desde 2011, ano em que uma revolta acabou com três décadas de presidência de Hosni Mubarak, que marginalizou a Irmandade Muçulmana.

Qualquer pessoa em posse de publicações ou gravações da confraria pode ser condenada a até cinco anos de prisão.


Em setembro, no mesmo bairro de Nasr City, um suicida detonou seu carro na passagem do comboio do ministro do Interior, que saiu ileso do ataque.

Ansar Beit al-Maqdes, o movimento jihadista que reivindicou o atentado de Mansura, também afirmou ser o autor da tentativa de assassinato do ministro.

Este grupo, composto, sobretudo, por beduínos do Sinai egípcio, critica a entrada da Irmandade Muçulmana na arena política e defende a ação armada.

As autoridades costumam acusar a Irmandade Muçulmana de ajudar e de financiar os atentados contra as forças de segurança, embora sem fornecer provas sobre o suposto vínculo entre os combatentes jihadistas e a confraria, defensora de um islã político mais moderado.

Para derrubar Mursi, os militares se apoiaram em manifestações de milhões de pessoas que acusavam o presidente islamita de má gestão e de querer acumular o poder para seu grupo.

Os militares prometeram uma transição democrática que deve começar com o referendo constitucional e terminar com eleições legislativas e presidenciais em 2014.

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