Ataque em Nice: segundo o ministro do Interior francês, 80 pessoas morreram e o estado de outras 18 é "crítico" (Reuters/Eric Gaillard)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2016 às 06h55.
Um homem armado avançou com um caminhão contra uma multidão que celebrava na quinta-feira a festa da Queda da Bastilha em Nice, na Riviera francesa, e matou 84 pessoas em um ataque classificado pelo presidente François Hollande de "terrorista".
O motorista, que durante dois quilômetros avançou semeando caos e morte, foi identificado como um franco-tunisiano de 31 anos, morador de Nice. Seus documentos foram encontrados no veículo.
Em uma agradável noite de verão, um caminhão branco avançou em alta velocidade pelo Passeio dos Ingleses, a avenida costeira de Nice, para onde centenas de pessoas se dirigiram para presenciar os fogos de artifício por ocasião do aniversário da Queda da Bastilha.
O veículo de 19 toneladas avançou por dois quilômetros, atingindo as pessoas pelo caminho, até o motorista, que tinha uma arma e atirou várias vezes, ser abatido pela polícia.
"Era um caos. Vimos gente ferida (...) ouvimos muitas vítimas gritarem", relatou um jornalista da AFP.
A banalidade do modo operacional - um caminhão como única arma - e o fato de várias crianças figurarem entre as 84 vitimas, assustou. O motorista "mudou de trajetória ao menos uma vez", afirmou a polícia à AFP. "Claramente tentou provocar o maior número de vítimas".
O ataque desenfreado deixou ao menos 84 mortos, além de 18 feridos "entre a vida e a morte" e 50 feridos leves. Após o drama, o país observará três dias de luto nacional, anunciou o primeiro-ministro Manuel Valls.
Marie, de 37 anos, agente de segurança em Villa Masséna, um palácio muito próximo ao local do incidente que acolhia uma celebração pelo 14 de julho, viu "centenas de pessoas correndo para dentro para se proteger". "Havia crianças e as pessoas se pisoteavam", contou à AFP.
"As pessoas tropeçavam, tentando entrar em hotéis, restaurantes, estacionamentos, em qualquer lugar onde pudessem evitar estar na rua", indicou outra testemunha, Emily Watkins, à Australian Broadcasting Corporation (ABC).
Várias horas depois do ataque, o caminhão branco permanecia parado em frente a um luxuoso centro hoteleiro, com seus pneus perfurados por balas e a porta direita repleta de marcas de tiros
Uma fonte policial disse que o veículo havia sido alugado na região há alguns dias. As autoridades também fizeram um apelo urgente para que as pessoas doem sangue.
Dezenas de pessoas buscavam ao mesmo tempo no Twitter notícias de seus parentes.
Por sua vez, a mesquita de Al-Azhar, a mais alta autoridade do Islã sunita, pediu a união de "esforços para derrotar o terrorismo e limpar o mundo deste mal".
"Caráter terrorista"
O "caráter terrorista" do ataque é inegável, disse em um discurso televisivo o presidente Hollande.
O chefe de Estado também advertiu que, apesar dos ataques, a França "reforçará sua ação na Síria e no Iraque", países onde combate os terroristas do Estado Islâmico (EI).
O estado de emergência, que deveria terminar em quinze dias, foi prolongado por três meses. Este regime, decretado após os atentados de 13 de novembro, facilita as operações policiais e a prisão domiciliar de suspeitos.
Igualmente, Hollande anunciou o recurso a milhares de cidadãos reservistas para apoiar policiais e gendarmes, esgotados por meses de vigilância intensiva desde 2015.
Este é um dos atentados mais sangrentos cometidos na Europa nos últimos anos.
No dia 13 de novembro passado, suicidas do grupo extremista Estado Islâmico (EI) mataram em Paris 130 pessoas, 90 delas na casa de shows Bataclan.
Antes destes atentados, a França já havia sido atingida pela violência terrorista nos ataques de janeiro de 2015 contra a revista satírica Charlie Hebdo e um supermercado kosher, que deixaram 17 mortos e que foram seguidos por vários outros ataques e tentativas.
*Atualizada às 6h55